O número de casos de Covid-19 aumentou cerca de 140% em Montes Claros desde a implantação, no dia 18 de junho, da quarta fase de flexibilização das atividades econômicas do plano “Avança Moc com Responsabilidade”; o número saltou de 168 infectados para 400, ou seja, 232 casos a mais, em apenas 23 dias.
Já comparando com a data do primeiro caso confirmado na cidade, no dia 5 de abril, até a data da reabertura dos bares e restaurantes, foram de 42 dias, quase o dobro. O fato é que em Montes Claros, os números crescem a cada dia e, é difícil mensurar se o pico da doença já foi atingido, ou não. Somente nesta quinta-feira (9 de julho), 36 novos casos foram confirmados.
Mas o crescimento tem explicação, uma delas é a flexibilização do comércio. A médica e infectologista da Vigilância Epidemiológica de Montes Claros, Cláudia Biscotto explica que o aumento no número de casos já era previsto.
“Na verdade já estávamos esperando que os casos aumentassem com a flexibilização da economia, o aumento na circulação das pessoas e do contato próximo, reflete no aumento do risco, por isso a orientação de que as pessoas que não precisem sair, permaneçam em casa, principalmente aquelas que fazem parte dos grupos de maior risco”, afirma.
Outro fator que explica a elevação dos casos de coronavírus é o aumento da testagem no município. Se no início da pandemia se falava bastante em subnotificação, a ampliação dos testes mostra o reflexo de que este termo já ficou para trás, revela a especialista.
“Estamos atualmente testando 100% dos casos notificados, portanto neste momento não podemos falar em subnotificação, a não ser que os médicos estejam deixando de notificar os casos suspeitos ou os pacientes não estejam procurando as unidades de saúde em caso de sintomas suspeitos”, afirma Biscotto.
Em nota, a Prefeitura de Montes Claros esclareceu que “no início da pandemia, o Governo de Minas liberou uma pequena quantidade de exames, o que permitia a testagem de apenas 5% dos casos suspeitos (internados em estado grave, profissionais de saúde, profissionais da segurança pública, e óbitos). Hoje graças a investimentos na compra de testes e as parcerias feitas pelo município, nos permite ter uma visão mais próxima da realidade em relação a incidência do vírus na população”, diz a nota.
Cuidados
Para a infectologista da Vigilância Epidemiológica é importante que a população saiba que, “com a ampliação da testagem, é imprescindível que as pessoas que desenvolvam algum sintoma gripal, febre, diarreia ou qualquer sintoma de início recente, deva procurar atendimento médico, pois apenas os casos notificados serão testados”, destaca Cláudia Biscotto.
As estratégias para evitar a contaminação devem ser seguidas à risca: “O uso frequente de máscara, o reforço da higienização das mãos, superfícies e objetos de uso compartilhado e também evitar as aglomerações e a proximidade entre as pessoas”, finaliza a especialista.
Atual situação
A Prefeitura de Montes Claros já notificou até esta quinta-feira, 8.336 casos suspeitos da Covid-19 e seguem em investigação 781 suspeitos. Cinco óbitos por coronavírus foram registrados no município e uma sexta morte com paciente de coronavírus, mas por outros motivos; 241 pessoas são consideradas curadas.
Os leitos hospitalares da cidade norte-mineira são referência para 95 municípios de Minas Gerais. Desde o dia 16 de junho, 74 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram habilitados o que reduziu a taxa de ocupação que está em 48%. No entanto, a taxa dos leitos clínicos atingiu a marca de 82% de ocupação, o que nos parâmentos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) é considerado estado de alerta.
A prefeitura destacou, também em nota, que com a abertura dos hospitais de campanha, nos próximos dias, esses números deverão melhorar. A nota esclareceu ainda que dentre outros critérios, a taxa de ocupação dos leitos é levada em consideração para determinar a abertura das atividades econômicas.
Na cidade, 45 pacientes seguem internados, sendo 34 moradores de Montes Claros e 11 de outros municípios; 965 pessoas cumprem isolamento domiciliar e são monitorados pela Vigilância Epidemiológica.
**Escrita pelo repórter Carlos Alberto Jr.
