Foto: Divulgação HUCF
Dos casos de violência sexual atendidos pelo Hospital Universitário Clemente de Farias (HUCF), 60,9% foram cometidos contra crianças e adolescentes. O levantamento foi feito no ano passado e aponta que dos 208 casos de estupro, 125 foram de vulnerável – uma média de 10 crianças abusadas mensamente em Montes Claros.
Ainda de acordo com o balanço, grande parte dos casos que chegam à instituição demanda internação devido à condição de gravidade das vítimas atendidas, o que exige da equipe multiprofissional do HUCF uma assistência diferenciada.
O levantamento aponta queda de 28,16%, em 2020, comparado com 2019 – no entanto, as estatísticas mostram que em 2020, em meio ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, o número de casos ainda é alto. Em grande parte das ocorrências os autores são pessoas próximas às vítimas, como tios, padrastos, avós, etc. O atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência é desenvolvido dentro da Maternidade Maria Barbosa, sendo coordenado pela servidora e socióloga Theresa Raquel Bethônico Correa Martinez.
A socióloga destaca que os dados retratam uma situação preocupante em todo o Norte de Minas, onde existem muitas subnotificações dos diferentes tipos de violências sofridas pelas crianças e adolescentes. “Para cada caso denunciado, existem vários outros subnotificados. Não podemos aceitar calados. É preciso denunciar”, esclarece Theresa que também é coordenadora da rede de enfrentamento à Violência contra Mulheres de Montes Claros.
ECA
Nesta terça-feira,13, completam 31 anos de existência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A celebração reforça ainda mais a importância da proteção integral, dignidade e condição humana, tendo em vista que a violência física e sexual, a exploração do trabalho infantil praticadas contra crianças e adolescentes em Montes Claros e região ainda preocupam as autoridades.Theresa Martinez alerta que é necessário mantermos a vigilância e proteção de crianças e adolescentes para que não sofram nenhum tipo de violência.
“Nesta data é válido ressaltar que o ECA visa, por meio do artigo 4º da Lei 8.069, assegura às nossas crianças e adolescentes os direitos fundamentais e cuidados em tempo integral, pois são vítimas de situações e abusos em que são subjugados pelos agressores com ameaças constantes, grande parte em casa. É preciso quebrar a cultura do medo e denunciar. Não podemos nos calar. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos das crianças e adolescentes”, destacou a socióloga e servidora do HUCF.
DENÚNCIA
Toda criança tem direito à vida, à saúde, à liberdade, à escola, ao esporte, lazer, convivência familiar sadia e comunitária. E em casos de maus tratos e violência física ou sexual, bem como exploração do trabalho infantil a denúncia anônima é a melhor forma de ajudar. Basta discar 100 e sua denúncia será mantida em total sigilo. E as autoridades competentes como a polícia militar ou o conselho tutelar irão averiguar e o melhor, com a total proteção que ela merece receber.