Montes Claros confirma presença de variante P.1 do coronavírus identificada em Manaus: Fiocruz afirma que vacina de Oxford protege contra variante brasileira

(FILES) In this file photo taken on November 17, 2020 An illustration picture shows vials with Covid-19 Vaccine stickers attached and syringes, with the logo of the University of Oxford and its partner British pharmaceutical company AstraZeneca. - The University of Oxford and drug manufacturer AstraZeneca have applied to the UK health regulator for permission to roll out their Covid-19 vaccine, Health Minister Matt Hancock said on December 23, 2020. "I'm delighted to be able to tell you that the Oxford AstraZeneca vaccine developed here in the UK has submitted its full data package to the MHRA for approval," he said. (Photo by JUSTIN TALLIS / AFP)

Montes Claros confirmou na noite desta sexta-feira (19), que a variante P.1 do coronavírus identificada em Manaus (AM) está circulando na cidade há pelo menos 40 dias. A informação foi divulgada durante uma entrevista da Secretária de Saúde, Dulce Pimenta, ao MG2 da Inter Tv afiliada Globo.

Segundo Dulce, a variante foi descoberta depois que a Secretária Municipal de Saúde observou mudança nos perfis de pacientes com covid. Foram colhidas amostras para identificar se as cepas constatadas no Reino Unido e já identificadas em pelo menos 18 estados brasileiros também estavam circulando em Montes Claros.

A amostra do paciente colhida no dia 4 de fevereiro foi analisada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) que atestou positivo para a variante P.1 identificada pela primeira vez em Manaus.

Um dos motivos para a cidade ficar em alerta é que, essa cepa tem um poder de transmissão muito maior ao vírus que já conhecemos. Na cidade, 33 pessoas aguardam por um leito de UTI, isso significa que, mesmo a cidade tendo adotado medidas mais restritivas há um mês, a taxa de contaminação só vem subindo.

Montes Claros chegou a 23.287 casos positivos. Na última atualização divulgada no final da tarde desta sexta (19), pelo Setor de Epidemilogia, em 24h, a cidade registrou 366 casos e nove óbitos, chegando a 422 pessoas que perderam a vida para a covid.

 Vacina de Oxford protege contra variante brasileira da Covid-19

Apesar de alarmante, a coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil e diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena (Itália), a médica carioca Sue Ann Costa Clemens afirmou, nesta quarta-feira (17/3), que o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, e que no Brasil está sendo produzido pela Fiocruz, demonstrou eficácia em neutralizar a variante P.1 do novo coronavírus. A variante brasileira, que foi identificada em janeiro, em Manaus, reage de forma idêntica à variante britânica ao imunizante de Oxford. A declaração se baseia em pesquisa que ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em revista, mas está disponível online. O estudo contou com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz Amazônia e do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Segundo Sue Ann, os pesquisadores esperavam que a variante brasileira se comportasse como a sul-africana, mas “testes indicaram que ela tem comportamento semelhante à britânica, em que há, sim, impacto na neutralização [do novo coronavírus]”. No mês passado, a Universidade de Oxford já havia anunciado que a vacina é eficaz contra a variante do Reino Unido. A médica observa que a eficácia fica acima dos 70% nos casos leves e chega a 100% quando se trata de casos graves e hospitalização.

Apesar de se verificar uma pequena perda de neutralização na comparação com as cepas mais comuns, ainda assim o efeito das vacinas não ficou comprometido em relação à P.1, situação similar à observada para a cepa britânica (conhecida como B.1.1.17). O trabalho avaliou a capacidade da cepa originada no Amazonas de escapar de anticorpos – não somente os induzidos por vacinas, mas também do soro de convalescente (anticorpos gerados por quem teve a infecção há mais tempo), e os chamados anticorpos monoclonais, que são um tipo de remédio biológico. Os pesquisadores coletaram amostras de soro de 25 pessoas que receberam a vacina de Oxford e 25 que receberam o imunizante da Pfizer.

Segundo Sue Ann, “as cepas brasileira e britânica se comportam de maneira muito semelhante. No caso da variante britânica, a eficácia caiu pouco, de 80% para 75%. Temos que esperar os estudos de efetividade aqui, mas acreditamos que vá ser um índice parecido para a P.1. É um resultado muito positivo”, comemorou ela.