Montes Claros confirmou na noite desta sexta-feira (19), que a variante P.1 do coronavírus identificada em Manaus (AM) está circulando na cidade há pelo menos 40 dias. A informação foi divulgada durante uma entrevista da Secretária de Saúde, Dulce Pimenta, ao MG2 da Inter Tv afiliada Globo.
Segundo Dulce, a variante foi descoberta depois que a Secretária Municipal de Saúde observou mudança nos perfis de pacientes com covid. Foram colhidas amostras para identificar se as cepas constatadas no Reino Unido e já identificadas em pelo menos 18 estados brasileiros também estavam circulando em Montes Claros.
A amostra do paciente colhida no dia 4 de fevereiro foi analisada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) que atestou positivo para a variante P.1 identificada pela primeira vez em Manaus.
Um dos motivos para a cidade ficar em alerta é que, essa cepa tem um poder de transmissão muito maior ao vírus que já conhecemos. Na cidade, 33 pessoas aguardam por um leito de UTI, isso significa que, mesmo a cidade tendo adotado medidas mais restritivas há um mês, a taxa de contaminação só vem subindo.
Montes Claros chegou a 23.287 casos positivos. Na última atualização divulgada no final da tarde desta sexta (19), pelo Setor de Epidemilogia, em 24h, a cidade registrou 366 casos e nove óbitos, chegando a 422 pessoas que perderam a vida para a covid.
Vacina de Oxford protege contra variante brasileira da Covid-19
Apesar de alarmante, a coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil e diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena (Itália), a médica carioca Sue Ann Costa Clemens afirmou, nesta quarta-feira (17/3), que o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, e que no Brasil está sendo produzido pela Fiocruz, demonstrou eficácia em neutralizar a variante P.1 do novo coronavírus. A variante brasileira, que foi identificada em janeiro, em Manaus, reage de forma idêntica à variante britânica ao imunizante de Oxford. A declaração se baseia em pesquisa que ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em revista, mas está disponível online. O estudo contou com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz Amazônia e do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Segundo Sue Ann, os pesquisadores esperavam que a variante brasileira se comportasse como a sul-africana, mas “testes indicaram que ela tem comportamento semelhante à britânica, em que há, sim, impacto na neutralização [do novo coronavírus]”. No mês passado, a Universidade de Oxford já havia anunciado que a vacina é eficaz contra a variante do Reino Unido. A médica observa que a eficácia fica acima dos 70% nos casos leves e chega a 100% quando se trata de casos graves e hospitalização.
Apesar de se verificar uma pequena perda de neutralização na comparação com as cepas mais comuns, ainda assim o efeito das vacinas não ficou comprometido em relação à P.1, situação similar à observada para a cepa britânica (conhecida como B.1.1.17). O trabalho avaliou a capacidade da cepa originada no Amazonas de escapar de anticorpos – não somente os induzidos por vacinas, mas também do soro de convalescente (anticorpos gerados por quem teve a infecção há mais tempo), e os chamados anticorpos monoclonais, que são um tipo de remédio biológico. Os pesquisadores coletaram amostras de soro de 25 pessoas que receberam a vacina de Oxford e 25 que receberam o imunizante da Pfizer.
Segundo Sue Ann, “as cepas brasileira e britânica se comportam de maneira muito semelhante. No caso da variante britânica, a eficácia caiu pouco, de 80% para 75%. Temos que esperar os estudos de efetividade aqui, mas acreditamos que vá ser um índice parecido para a P.1. É um resultado muito positivo”, comemorou ela.