A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou uma mãe, de 30 anos, e a companheira dela, de 35, pelos crime de maus-tratos e abandono de incapaz contra um bebê, de um mês de idade, na região Norte de Belo Horizonte. O crime aconteceu em julho deste ano. Porém, o inquérito que investigava o caso só foi concluído na última sexta-feira (13) e os detalhes foram divulgados apenas nesta terça-feira (17).
De acordo com a PCMG, a mãe do recém-nascido foi presa pela Polícia Militar (PMMG) em 13 de julho deste ano. Segundo a delegada Letícia Muller, responsável pela investigação, o casal teria sido agredido por populares que acreditaram que as duas teriam abusado do bebê após fazerem uso de crack.
“As duas mulheres eram usuárias de drogas, especificamente crack, e elas tiveram uma recaída. Então esse bebê de apenas um mês de vida começou a não ser tratado da forma devida”, disse.
A delegada ainda informou que, no dia dos fatos, a mãe saiu com o recém-nascido.
“Ao que tudo indica pelo efeito da droga, ela teria suspeitado que a companheira e outros indivíduos, usuários de droga também, poderiam ter abusado do bebê. Com a história, as duas foram extremamente agredidas pela população”, afirmou Muller.
A Polícia foi acionada e compareceu no local e, diante do fato, fez buscas e conseguiu localizar o recém-nascido, que foi encontrado com muita fome, mau higienizado e com duas lesões na região anal. Por causa das lesões, levantou-se a suspeita de abuso sexual por parte da mãe, que foi presa em flagrante. Ela foi levada à Delegacia de Plantão em Atendimento à Mulher em Belo Horizonte e, logo em seguida, foi presa e levada para a cadeia.
Porém, durante as investigações, a suspeita de violência sexual não foi confirmada e os policiais identificaram os crimes de maus-tratos e abandono de incapaz.
“O fato do abuso sexual não foi confirmado, inclusive foi realizado o exame de corpo de delito na criança, e ao que tudo indica essa criança teve lesões em razão da falta de higienização e cuidados adequados. Quando a mãe recaiu com o uso de drogas, há duas semanas anteriores aos fatos, ela não teve mais condições de cuidar da forma devida do filho”, garantiu Muller.
Prisão
Ainda durante as investigações, a PCMG solicitou a prisão da companheira da mãe da criança, de 35. Ela foi estava na cidade de Itamonte, no Sul de Minas e foi presa.
“Mesmo diante das agressões sofridas por populares, a mulher conseguiu fugir. Com os levantamentos conseguimos localizá-la e tivemos o apoio da equipe da Delegacia de Polícia em Itamonte para cumprir o mandado de prisão preventiva da investigada”, informou Muller.
A companheira tem passagens por crime de furto, que de acordo com a delegada é muito comum em pessoas que sofrem com a dependência química. A namorada da mãe do recém-nascido foi indiciada pelos mesmos crimes.
“Como ela convivia com essa mãe e o bebê, ela também era responsável pelo bem-estar dessa criança. As duas confessaram que usaram drogas dentro do imóvel com a criança, e acabavam cuidando desse bebê como elas conseguiam”, salientou a delegada.
“Em nenhum momento houve agressão física à criança, os maus-tratos se configuraram diante da negligência e do abandono e pela situação das duas, em decorrência do uso de drogas, elas eram responsáveis pelo bebê”, encerrou Muller.
O inquérito policial, que foi instaurado em julho de 2024, com a prisão em flagrante da mãe do bebê, foi remetido ao Poder Judiciário com o indiciamento do casal, que segue no sistema prisional. As mulheres estão à disposição da Justiça.