Nesta terça-feira, 25, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) e a Fundação Oswaldo Cruz – (Fiocruz) iniciaram em São João do Pacuí, no Norte de Minas, pesquisa para identificar os vetores que estão causando o aumento dos casos de leishmaniose tegumentar no município. Trata-se de uma doença infecciosa que é transmitida aos seres humanos pela picada de fêmeas de flebotomíneos (espécie de mosquito) infectadas. A doença não é contagiosa, mas nas pessoas infectadas, provoca o aparecimento de úlceras na pele e mucosas.
A pesquisa terá duração de um ano e, além da participação de referências técnicas das coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS), os trabalhos serão conduzidos pelo pesquisador e coordenador do Centro de Referência da Competência Vetorial de Leishmaniose da Fiocruz em Minas Gerais, Edelberto Santos Dias, com a participação da pesquisadora, Érika Michalsky Monteiro e da doutoranda, Nathalia Cristina Lima Pereira.
“Durante um ano faremos o estudo entomológico em São João do Pacuí. Uma vez por mês, durante três noites consecutivas, profissionais de saúde do município farão a captura de vetores e, após triagem, os encaminharão para serem analisados no laboratório da Fiocruz, em Belo Horizonte”, explica Edelberto Dias.
Periodicamente os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e referências técnicas da Superintendência Regional de Saúde retornarão ao município para apresentar os resultados preliminares dos estudos e, ao final de um ano, definirão quais meses são os mais apropriados para a realização de ações de eliminação de vetores, com a utilização de inseticidas.
Em 2018 foram notificados três casos de leishmaniose no município. Entre 2019 e 2021 foram registrados sete casos, por ano. Já neste ano foram notificados 11 casos da doença no município.
Em abril deste ano a Superintendência Regional de Saúde realizou a primeira etapa de capacitação de agentes de controle de endemias de São João do Pacuí para o controle da leishmaniose. O trabalho teórico e prático foi conduzido pela referência técnica, Bartolomeu Teixeira Lopes, com a participação da referência técnica do Laboratório Macrorregional da SES-MG, sediado em Montes Claros, Clarissa Fernandes Gomes. Nesta semana, a capacitação está sendo reforçada com a participação de pesquisadores da Fiocruz. Com isso, profissionais de saúde do município estarão habilitados para realizar a coleta e a triagem de vetores capturados dentro e fora de domicílios, por meio da instalação de armadilhas.
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes explica que, a partir da identificação dos fatores que estão causando o aumento da incidência de leishmaniose tegumentar em São João do Pacuí, algumas das recomendações que poderão ser repassadas à população incluem o uso frequente de repelentes e a dedetização de domicílios, principalmente os localizados próximos a criatórios de frangos.
A doença
Insetos do gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira e birigui são os principais vetores da leishmaniose tegumentar. Os animais domésticos são hospedeiros acidentais da doença sem, no entanto, transmiti-la para as pessoas.
O período de incubação da doença é, em média, de dois a três meses, porém pode apresentar períodos mais curtos de duas semanas, ou mais longos, de dois anos.
O surgimento de lesões indolores na pele ou mucosas (nariz, boca e garganta) é a principal característica de manifestação da doença. O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames laboratoriais e o tratamento é oferecido à população por meio do Sistema Único de Saúde – (SUS).