Quando a bagunça fala e a palavra transforma

“Quando você se dispõe a arrumar a bagunça, Deus te devolve a autoridade perdida.”

Essa frase nos convida a refletir sobre responsabilidade, ação e consequência, mas também nos dá bom exercício linguístico. Observe: o verbo “dispor-se” indica decisão ativa, postura consciente diante do caos, seja ele literal ou simbólico. Já a “bagunça”, tão simples no vocabulário, carrega consigo o peso de tudo que ignoramos, deixamos para depois ou tentamos controlar sem sucesso.

Do ponto de vista gramatical, a frase é construída em estrutura condicional: “quando” abre a ação necessária; o resultado vem em seguida, como consequência natural do esforço. Notem também o uso de “autoridade perdida”, uma expressão carregada de significado: não se trata apenas de poder, mas de reconhecimento, confiança e domínio sobre a própria vida.

Em tempos em que a linguagem está cada vez mais rápida e superficial, refletir sobre frases assim nos lembra do poder transformador da palavra — e da ação. Arrumar a bagunça é também organizar nossos pensamentos, nossa fala, nosso convívio. E a Língua Portuguesa, com sua riqueza de verbos, conjunções e metáforas, permite-nos perceber que há sempre ordem possível, mesmo no caos.


Em outras palavras: cuidar da bagunça — interna ou externa — é também ato de autoria. E a língua é o instrumento que nos devolve, em sentido literal ou simbólico, a autoridade que parecia perdida.

Aprenda com quem sabe: arrume sua vida já!