No último mês de julho, ocorreram 15 sismos naturais de baixa intensidade em Minas Gerais, um deles no Norte de Minas, e 13 sismos artificiais no município de Montes Claros, frutos de detonações em mineradoras. As informações são do Núcleo de Estudos Sismológicos (NES) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), por meio do Boletim Sísmico de Minas Gerais datado de julho de 2025, disponível no link https://unimontes.br/wp-content/uploads/2025/08/Boletim-Julho-2025_compressed.pdf. O NES registrou no município norte-mineiro de Riacho dos Machados tremor de magnitude 2.1 na Escala Richter. O fenômeno ocorreu no dia 13 de julho, às 15h39min.
Sismos artificiais e naturais
O objetivo do NES é monitorar e mapear os tremores naturais ocorridos no Estado, além de analisar minuciosamente os tremores artificiais em Montes Claros. Sismos artificiais são tremores de terra induzidos por atividades humanas, como explosões em minas ou pedreiras, e testes nucleares, enquanto sismos naturais são causados por processos geológicos naturais, como movimentos das placas tectônicas, atividade vulcânica e colapso de cavidades subterrâneas.
Durante o mês de julho, Minas teve 15 eventos sísmicos naturais de baixa magnitude, o que evidencia atividade tectônica moderada e característica da região abrangida. Apesar disso, adverte o NES, trata-se de eventos que reforçam a importância do monitoramento sísmico constante em áreas onde a percepção pública sobre terremotos ainda é limitada.
Sismos em cidades de MG
No período, o NES computou tremores nos municípios mineiros de Crisólita (um de 1.1 e outro de 1.8 de magnitude), Outro Preto (2.5), Barão de Cocais (2.3), Riacho dos Machados, Norte de Minas (2.1), Mariana (2.1), Itabira (2.1), Curvelo (2.3), Coromandel (2.5), Capim Branco (2.6), Sete Lagoas (um de 2.7 e outro de 2.1) e Frutal (um de 2.6, um de 2.5 e outro de 2.4). Esses sismos foram monitorados e registrados pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), em colaboração com o Núcleo de Estudos Sismológicos da Unimontes.
A ocorrência de pequenos tremores em Minas não é incomum, especialmente em áreas como o Alto Paranaíba, a Bacia do São Francisco e a região central do Estado, onde a geologia favorece o acúmulo e liberação de tensões na crosta terrestre. Embora todos os abalos sejam de baixa magnitude, conforme o NES, há necessidade de se manter sistemas de monitoramento ativos e campanhas de conscientização sobre riscos geológicos, mesmo em áreas consideradas de baixa sismicidade.
Duas fontes de dados foram utilizadas para a coleta de informações sobre sismos em Minas Gerais: a plataforma de dados do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis) e a estação sismográfica MC01 da Unimontes. O Obsis fornece informações sobre localização, magnitude e intensidade dos sismos computados em diferentes regiões do país. A estação sismográfica da Unimontes, que também é capaz de registrar dados sísmicos de diferentes áreas do Brasil, confirmou os dados.
Ondas de choque
Os sismos artificiais resultam de atividades humanas, inclusive detonações em mineradoras, construções de grandes infraestruturas e operações de extração de gás e petróleo, entre outros. No caso específico da cidade de Montes Claros, explica o NES, os sismos artificiais têm sido gerados pelas detonações em mineradoras locais e registrados pela estação sismográfica da Unimontes.
Trata-se de explosões que geram ondas de choque, que se propagam via crosta terrestre e são detectadas pelas estações sismográficas. O monitoramento se justifica para garantir a segurança das pessoas que vivem nas proximidades das áreas de mineração e para avaliar os impactos ambientais da atividade.
Em que pese o fato de serem provenientes das atividades humanas, os sismos artificiais podem ter efeitos semelhantes aos terremotos naturais, como danos em estruturas e riscos para a segurança pública, caso exceda a sua margem de segurança. Daí a relevância de monitoramento e regulamentação pelas autoridades competentes. O NES ainda acrescenta que a pesquisa científica sobre sismos artificiais pode ajudar a entender melhor a geologia da região e contribuir para a prevenção e mitigação de problemas naturais.
As estações sismográficas, portanto, medem as ondas sísmicas geradas pelas detonações. Com base nesses dados, é possível determinar o epicentro de cada evento. As informações são corroboradas pelos avisos das mineradoras.