Presente nas mesas e na cultura do Norte de Minas Gerais, o pequi acaba de ter suas propriedades nutricionais detalhadas em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa analisou sete frutos típicos do Cerrado brasileiro e reforçou o valor nutricional do pequi, uma das espécies mais emblemáticas da região.
De polpa amarela intensa e aroma marcante, o pequi (Caryocar brasiliense) é conhecido por dar sabor e identidade a pratos como a tradicional galinhada. Mas seu papel vai além do paladar: ele é uma rica fonte de carotenoides, substâncias antioxidantes que combatem os radicais livres e contribuem para a proteção das células do corpo. Esses compostos também estão relacionados à prevenção de doenças crônicas, como alguns tipos de câncer e problemas cardiovasculares.
Outro destaque do fruto é seu teor de gorduras boas, que são benéficas para o coração e auxiliam no controle dos níveis de colesterol. Sua polpa carnuda esconde um caroço repleto de espinhos, o que exige cuidado no consumo, mas quem conhece o pequi sabe que vale a pena.
Para o biólogo Renato D’Elia Feliciano, da UFSCar, um dos autores da pesquisa, o estudo reforça a necessidade de valorização dos frutos do Cerrado, tanto pela riqueza nutricional quanto pelo potencial gastronômico. “O pequi, em especial, já é conhecido em várias regiões do Brasil, mas sua importância vai além do sabor. Ele é um alimento funcional”, destacou.
A pesquisa, publicada no Brazilian Journal of Food Technology, ainda ressalta que os frutos nativos podem diversificar a alimentação e contribuir para uma dieta mais saudável. O nutricionista Leandro Baptista, do Hospital de Urgências de Goiás, acrescenta: “Frutas como o pequi ajudam a combater a monotonia alimentar e aumentam a oferta de nutrientes essenciais no dia a dia.”
Além dos benefícios à saúde, o consumo e a valorização do pequi e de outros frutos do Cerrado também têm impacto ambiental e social. A preservação do bioma depende do fortalecimento de práticas sustentáveis e do reconhecimento do conhecimento tradicional das comunidades locais, que há gerações cultivam e utilizam esses frutos.
Enquanto novas pesquisas devem aprofundar o entendimento sobre vitaminas, sais minerais e compostos bioativos presentes nessas espécies, os pesquisadores fazem um apelo: é hora de olhar com mais atenção para os tesouros do Cerrado — e o pequi, símbolo do Norte de Minas, é um deles.
