Idec alerta: rotulagem de proteína em ultraprocessados pode enganar consumidor

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou um levantamento que aponta que muitas das alegações sobre teor de proteína em alimentos e bebidas comercializados no Brasil podem levar o consumidor a conclusões equivocadas. O estudo alerta para o crescimento da oferta de produtos que destacam a adição de proteína como um diferencial saudável, mesmo quando se trata de alimentos ultraprocessados.
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O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou um levantamento que aponta que muitas das alegações sobre teor de proteína em alimentos e bebidas comercializados no Brasil podem levar o consumidor a conclusões equivocadas. O estudo alerta para o crescimento da oferta de produtos que destacam a adição de proteína como um diferencial saudável, mesmo quando se trata de alimentos ultraprocessados.

A pesquisa foi realizada entre os dias 9 e 16 de maio de 2025, com base em produtos disponíveis no site de uma grande rede nacional de supermercados. Foram analisados 60 itens, dos quais 52 se enquadraram em três critérios: apresentavam alegações de proteína nos rótulos, eram classificados como ultraprocessados segundo a classificação Nova da USP, e tinham o ingrediente proteico listado entre os cinco primeiros da composição.

Foram identificadas 65 alegações relacionadas à proteína nesses 52 produtos. A maioria dizia respeito à quantidade presente no alimento, mas 11 casos apresentaram informações consideradas potencialmente enganosas. Um exemplo citado foi o de uma granola que anunciava conter 30 gramas de proteína por embalagem, mas ao observar a porção recomendada no rótulo, o valor caía para apenas 5 gramas – o que representa apenas 5% da ingestão diária recomendada, valor inferior ao necessário para que o produto seja considerado uma boa fonte do nutriente.


Outro ponto observado pelo Idec foi a reformulação de produtos que antes eram minimamente processados, como algumas pastas de amendoim e misturas de tapioca, que passaram a ser classificados como ultraprocessados após receberem adição de ingredientes para enriquecimento proteico. Essa mudança vai contra as orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira, que valoriza alimentos in natura e minimamente processados.

Segundo os pesquisadores, esse tipo de marketing pode levar o consumidor a trocar alimentos tradicionais e saudáveis por produtos industrializados com a falsa impressão de que está fazendo uma escolha mais nutritiva. A nutricionista Mariana Ribeiro, do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, destaca que a presença de proteína em produtos ultraprocessados não garante os mesmos benefícios que o consumo do nutriente em fontes naturais, como feijão, ovos, lentilhas e leite.

Além disso, muitos dos itens analisados apresentavam altos teores de sódio, açúcares adicionados e aditivos químicos, que são associados a problemas de saúde como hipertensão, diabetes e obesidade. A presença de proteína nesses alimentos, portanto, não compensa os prejuízos nutricionais do restante da composição.

O estudo também aponta para a necessidade de maior fiscalização por parte das autoridades reguladoras quanto às alegações feitas nas embalagens. Para o Idec, é fundamental que o consumidor seja protegido contra informações enganosas e tenha condições de fazer escolhas alimentares mais conscientes, baseadas em informações claras e corretas.

A pesquisa reforça a importância de uma alimentação baseada em produtos naturais e minimamente processados, além de alertar para os riscos de aderir a tendências de mercado que promovem alimentos ultraprocessados como saudáveis, sem o devido respaldo nutricional.