Em tempos de crescentes desafios sociais, políticos e econômicos, ser assertivo na leitura dos anseios da população deixou de ser uma habilidade desejável e passou a ser uma exigência fundamental para o gestor político. A legitimidade da atuação pública está cada vez mais ligada à capacidade de compreender, com precisão e sensibilidade, as reais necessidades, expectativas e angústias da sociedade. Isso significa ir além de promessas de campanha e escutar ativa e permanentemente a população, reconhecendo que a construção de políticas públicas efetivas começa com uma escuta qualificada da base social.
A assertividade na escuta social envolve não apenas a recepção direta de demandas por meio de audiências, conselhos e canais de participação popular, mas também a leitura contextualizada dos dados sociais, das mudanças nos territórios, das expressões culturais e dos movimentos populares. Muitas vezes, os anseios da população não são verbalizados diretamente, mas se revelam nas estatísticas da saúde, na evasão escolar, no desemprego, na mobilidade urbana precária ou mesmo na insegurança generalizada. Um gestor atento é aquele que consegue decodificar esses sinais e transformá-los em agenda política coerente e eficaz.
Ao interpretar corretamente os sinais vindos da sociedade, o gestor público ganha condições de propor políticas mais legítimas, sustentáveis e com maior potencial de aceitação e impacto. Trata-se de alinhar os instrumentos de governo com a realidade concreta das comunidades, respeitando as particularidades locais e evitando soluções genéricas ou desconectadas. É nesse ponto que a gestão pública se humaniza: quando deixa de tratar o cidadão como número e passa a enxergá-lo como sujeito de direitos.
Além disso, a assertividade na leitura dos anseios populares fortalece o princípio democrático, pois resgata a ideia de que o poder emana do povo e deve ser exercido em seu benefício. Essa postura também contribui para o fortalecimento institucional, a redução das tensões sociais e a construção de uma cultura de confiança entre população e governo. Quando o cidadão percebe que suas demandas são compreendidas e atendidas com responsabilidade, o senso de pertencimento e de corresponsabilidade cresce, favorecendo uma governança mais participativa e transparente.
Portanto, mais do que administrar recursos, o gestor político deve ser um mediador sensível entre o poder público e as demandas sociais. Sua principal ferramenta não é apenas o orçamento ou o plano de governo, mas a escuta ativa, a leitura correta da realidade e a capacidade de transformar aspirações legítimas em políticas públicas concretas. A escuta assertiva, portanto, é o primeiro passo para a boa gestão — e também o mais decisivo.