O interesse de crianças e adolescentes por maquiagens, esmaltes e produtos de skincare tem crescido nos últimos anos, impulsionado principalmente pelas redes sociais. Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou novas orientações para esclarecer pais e responsáveis sobre os cuidados necessários com o uso de cosméticos na infância e adolescência.
De acordo com a SBP, o uso precoce de determinados produtos pode provocar reações adversas, como alergias, irritações, dermatites e até prejuízos à formação da barreira cutânea, que ainda está em desenvolvimento. A recomendação principal é de cautela: menos é mais quando o assunto é a pele de crianças.
Cuidados por faixa etária
Durante a infância, principalmente entre 0 e 6 anos, o ideal é manter apenas uma rotina básica, com sabonetes neutros e o uso diário de protetor solar adequado à idade. A introdução de outros produtos deve ocorrer de forma gradual e sempre com orientação profissional.
A partir dos 7 anos, pode-se incluir hidratantes leves e, eventualmente, um sabonete específico para o rosto, desde que haja necessidade. Já na pré-adolescência e adolescência, entre 10 e 12 anos, o skincare pode ser ampliado com uma rotina simples: limpeza suave, hidratação e proteção solar. Em casos de acne, é fundamental procurar um dermatologista antes de iniciar qualquer tratamento.
Maquiagem e esmalte
O uso de maquiagem não é proibido, mas deve ser esporádico, para ocasiões especiais, e com produtos específicos para peles sensíveis. Cosméticos infantis devem ser priorizados, por terem formulações mais suaves e menor risco de causar alergias.
Esmaltes e tinturas capilares também merecem atenção. A SBP recomenda evitar o uso de unhas de gel, alongamentos e esmaltes permanentes antes dos 16 anos, devido à presença de substâncias químicas agressivas. No caso de coloração de cabelo, a orientação é aguardar, no mínimo, até os 12 anos, dando preferência a tonalizantes temporários e sem amônia.
Produtos a serem evitados
Ingredientes como ácidos, retinoides, vitamina C em alta concentração, álcool e fragrâncias intensas devem ser evitados por crianças e adolescentes. Esses compostos podem causar danos à pele jovem, como vermelhidão, descamação, manchas e sensibilidade prolongada.
A recomendação também se estende a cosméticos importados não regulamentados, que podem conter substâncias perigosas e não passar por controle de qualidade adequado.
Aspectos emocionais e sociais
Além dos riscos físicos, o uso precoce de cosméticos pode impactar a saúde emocional. A exposição intensa a padrões estéticos nas redes sociais pode influenciar negativamente a autoestima de crianças e adolescentes, criando uma pressão por uma aparência “perfeita” desde cedo.
Por isso, a SBP destaca a importância do diálogo aberto entre pais e filhos sobre cuidados com o corpo, imagem pessoal e aceitação. O incentivo ao autocuidado deve vir acompanhado de orientações saudáveis, respeitando a fase de desenvolvimento de cada um.
A Sociedade Brasileira de Pediatria reforça que, quando bem orientado, o uso de cosméticos pode ser parte positiva do processo de crescimento e autoconhecimento. No entanto, é fundamental que pais, responsáveis e profissionais de saúde estejam atentos aos limites da pele infantil e ao impacto emocional que essas práticas podem gerar. O acompanhamento médico é sempre o caminho mais seguro.