Erro de grafia no nome faz eletricista ser preso injustamente por estupro em São Paulo

O documento judicial, expedido pela Vara Criminal de Remanso, na Bahia, indicava o nome “Jabison Andrade da Silva”, com a letra “i”. No entanto, quem foi preso durante uma abordagem policial foi o eletricista Jabson Andrade da Silva, cujo nome, apesar de muito parecido, é diferente e corresponde a outra pessoa.
Imagem: Reprodução

Um eletricista de 56 anos, morador da zona norte de São Paulo, viveu um verdadeiro pesadelo ao ser preso injustamente sob a acusação de estupro de vulnerável. A prisão ocorreu por causa de um erro simples, mas grave: a grafia incorreta do nome no mandado de prisão.

O documento judicial, expedido pela Vara Criminal de Remanso, na Bahia, indicava o nome “Jabison Andrade da Silva”, com a letra “i”. No entanto, quem foi preso durante uma abordagem policial foi o eletricista Jabson Andrade da Silva, cujo nome, apesar de muito parecido, é diferente e corresponde a outra pessoa.

Mesmo sem ter nenhum antecedente criminal e insistindo em sua inocência, Jabson foi conduzido ao 72º Distrito Policial e, em seguida, transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, onde permaneceu preso por oito dias. Durante esse período, ele relata ter sido humilhado e tratado como culpado.


A injustiça começou a ser esclarecida graças ao esforço da família, que buscou provas para comprovar que Jabson não poderia ser o autor do crime investigado. Foram reunidos documentos como carteira de trabalho, comprovantes de residência e até registros antigos que mostravam que ele estava morando e trabalhando em São Paulo entre 2008 e 2015 — exatamente o período em que os crimes teriam ocorrido na Bahia.

Apesar disso, ele seguiu preso até que o Ministério Público da Bahia analisou os documentos e confirmou que Jabson não era o autor do crime. A promotoria apontou o erro no nome e solicitou a revogação da prisão. O juiz responsável acatou o pedido, e Jabson foi libertado no dia 15 de julho.

Emocionado ao sair da prisão, o eletricista reencontrou a esposa, os filhos e os netos. Em entrevista, ele relatou o trauma da experiência e contou que pretende processar o Estado — não por dinheiro, mas para evitar que outras pessoas passem pelo mesmo erro. “Não é pelo valor. Eu quero justiça. Fui tratado como um estuprador. Isso acabou comigo por dentro”, disse Jabson, ainda abalado.

O caso expõe uma falha grave no sistema judicial brasileiro: a falta de verificação cuidadosa de dados como CPF, filiação e endereço antes de efetivar uma prisão. Um erro de uma única letra quase destruiu a vida de um homem inocente.