Festivale em Diamantina, terra dos meus ancestrais

O tempo passa, os sinos ainda ecoam segredos daquela terra que ele contava, e hoje Diamantina se veste de festa, de música, de luz e de papel.

“Nas ladeiras de pedra, nasceu meu avô Zé Santiago,

o tempo passa,

os sinos ainda ecoam segredos daquela terra que ele contava,


e hoje Diamantina se veste de festa,

de música, de luz e de papel.

É o festivale que desperta a cidade,

onde a história caminha ao som do tambor,

serestas bordando as madrugadas,

e cada esquina exala calor.

As janelas abertas emolduram sorrisos,

as vozes se encontram no velho casarão,

e o povo, orgulhoso, celebra o brilho

dessa terra bordada em tradição.

Diamantina respira cultura,

em cada canto, uma canção se semeia,

a poesia se derrama nas ruas,

como ouro que escorre da antiga cadeia.

E quem chega se perde e se acha,

entre notas, sabores e corações,

porque ali o passado e o sonho se abraçam,

no festivale das emoções”.

Lá nasceu José Santiago (1877-1944), patriarca da família Santiago em Salinas.

Sua família, incluindo seus pais, possivelmente vieram da Espanha e se estabeleceram em Diamantina

Era filho de Justino Santiago e Anna Maria de Jesus.

Abordo a ancestralidade nesta coluna como um elemento central para a compreensão da identidade e da cultura do Vale Jequitinhonha a partir de Diamantina.

Exploro a ancestralidade não apenas como uma conexão com o passado, mas como uma força viva que molda a memória, a tradição e a forma como os indivíduos se relacionam com o mundo ao seu redor.

Essa conexão com o passado é uma ponte que liga as gerações, permitindo que as experiências e sabedorias dos antepassados influenciem o presente.

É que ancestralidade envolve memória, identidade, cultura, pertencimento e espiritualidade.

Ancestralidade é a noção de ligação com aqueles que vieram antes de nós — nossos antepassados biológicos, culturais e espirituais.

Apesar de suas raízes familiares espanholas, ele se identificou fortemente com Diamantina, Minas e sua cultura.

Ele descreve suas experiências e influências culturais como uma combinação do legado espanhol e da rica tradição oral brasileira.

Diamantina “Terra do Meu avô” pode ser usada para falar do Festivale e também discutir como a minha obra aborda também a ancestralidade, a identidade, a memória, a história e a relação com a terra natal da minha família.

O 40º Festivale, o maior festival de cultura popular do Vale do Jequitinhonha, acontecerá em Diamantina de 27 de julho a 2 de agosto de 2025.

O evento, que celebra quatro décadas de tradição, arte, memória e pertencimento, contará com oficinas, seminários, concursos, debates e outras atividades que visam capacitar artistas e produtores da região.

O Festivale é um evento tradicional na cidade, conhecido por valorizar e promover a cultura popular do Vale do Jequitinhonha.

O Vale é um caso que eu acho que devia ser estudado como um caso de diversidade e de gente cujas misturas e patrimônios se combinam, se misturam.

O conhecimento que se tem dessas diversidades em termos de saberes, em termos de sensibilidades, continua a ser muito pequeno como estudado.

Então, vale a pena fazer a literatura sobre o vale chegar às pessoas, para traduzir outra visão e outras sabedorias e outros pensamentos.

A edição de 2025 em Diamantina reafirma o compromisso do povo do vale com a cultura local e a identidade do território.

Além do Festivale, Diamantina oferece outras atrações culturais e turísticas, como a Vesperata, um espetáculo musical realizado nas ruas da cidade, e as serestas, que acontecem todas as sextas-feiras. A cidade também possui um rico patrimônio histórico e arquitetônico, com casarões coloniais, igrejas seculares e outros espaços que contam a história da região.