Etimologia do sentir: por que achamos que não merecemos ser felizes?

Já quis muito viver algo bom, mas a voz na sua cabeça dizia: “Você não merece”? Pois é. Isso tem nome: culpa, e, ela assassina a nossa alegria.

Você já se pegou sorrindo e, logo em seguida, se sentiu mal por isso? Já quis muito viver algo bom, mas a voz na sua cabeça dizia: “Você não merece”? Pois é. Isso tem nome: culpa, e, ela assassina a nossa alegria.

A palavra “culpa” vem do latim culpa , que significa “erro”, “falha”, “desvio”. E olha que curioso: originalmente, “culpa” não era castigo — era passo em falso, algo que precisava ser corrigido, não carregado como sentença perpétua.

Já “alegria” vem do latim alicer , que tem relação com o verbo alere , “nutrir, alimentar”. “Alegria”, então, é o que alimenta a alma. É sustento interior.


E, no entanto, quantas vezes deixamos de nos nutrir porque achamos que erramos demais?

A culpa não grita, ela sussurra. Disfarçada de consciência, ela sabota. E, muitas vezes, nem é sua: é herança.
Crescemos ouvindo que é feio querer demais, que é perigoso ser feliz demais, que alegria demais atrai castigo. Aprendemos, sem perceber, a desconfiar da própria felicidade.

No íntimo, parece que precisamos “pagar penitência” antes de aceitar um pouco de paz. Como se precisássemos sofrer o bastante para, só então, merecer sorrir.

Mas alegria não é prêmio. Alegria é direito!
E não se trata de viver negando a dor — trata-se de não negar também o prazer, o descanso, a conquista, o riso, o recomeço.

Quem carrega culpas antigas costuma achar que não pode ser feliz ainda. Que é cedo demais. Que tem que consertar tudo antes. Que só depois, quem sabe…

Mas a vida não espera. E a felicidade não vem depois — ela vem enquanto. Enquanto nos consertamos, enquanto aprendemos, enquanto tropeçamos.
Ser feliz não significa esquecer o passado, mas sim, parar de punir-se com o presente.

Permitir-se ser feliz é, muitas vezes, ato de coragem. É gesto de perdão — com os outros, e principalmente com você.

Não carregue nos ombros o fardo da culpa, liberte-se desde mal (com “l”, viu?!). Esvazie-se de culpa e encha-se da alegria, que somente você pode sentir.

Afinal: você merece ser feliz!

Sugiro, após a leitura desta coluna ouvir a música “Eu mereço ser feliz”, de Mumuzinho.