Com o recesso escolar de julho, é comum que crianças e adolescentes passem mais tempo dentro de casa, o que acende um alerta para os riscos domésticos, especialmente aqueles relacionados à rede elétrica. Acidentes com eletricidade nessa faixa etária são mais frequentes do que se imagina, e medidas simples de prevenção podem salvar vidas.
Dados do Anuário Estatístico da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) revelam um cenário preocupante: somente em 2024, 80 acidentes elétricos com crianças e adolescentes de até 15 anos foram registrados no Brasil, sendo que 49 resultaram em morte.
A série histórica da entidade mostra que 787 jovens perderam a vida desde 2013 por choques elétricos. Os incêndios provocados por curtos-circuitos ou sobrecarga nas instalações também merecem atenção: 14 mortes desse tipo foram registradas em 2023, totalizando 186 óbitos desde 2013 entre crianças e adolescentes.
Prevenção começa em casa
De acordo com o engenheiro eletricista Demetrio Aguiar, da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), boa parte dessas ocorrências pode ser evitada com cuidados básicos e atenção às condições das instalações elétricas.
“A ausência de dispositivos de segurança, como o Interruptor Diferencial Residual (IDR), somada ao uso incorreto de tomadas e aparelhos, são fatores que contribuem para acidentes domésticos envolvendo eletricidade”, explica o especialista. Ele reforça que o uso de protetores de tomada é fundamental, principalmente em ambientes com crianças pequenas, pois evita que objetos metálicos sejam inseridos nas entradas de energia.
Outro alerta é quanto ao uso indiscriminado de benjamins e adaptadores em “T”, que sobrecarregam o sistema elétrico da residência e podem causar curtos e até incêndios. Aguiar recomenda que se evite conectar vários aparelhos simultaneamente em uma mesma tomada.
Cuidados com eletrônicos e áreas molhadas
Ambientes com presença de água, como cozinhas e áreas de piscina, exigem atenção redobrada. Nunca se deve manusear eletrodomésticos com o corpo molhado ou os pés descalços. “A umidade potencializa o risco de choque elétrico. Isso vale para adultos e, principalmente, para crianças, que muitas vezes não percebem o perigo”, alerta.
No caso de brinquedos eletrônicos, tablets e videogames, a orientação é nunca utilizá-los enquanto estiverem carregando. Há risco de curto-circuito, queimaduras e até explosões. Em dias chuvosos, esses aparelhos também devem ser retirados da tomada, por estarem vulneráveis a descargas atmosféricas.
Por fim, o engenheiro recomenda atenção à procedência de produtos elétricos e eletrônicos. “Sempre verifique se os itens têm o selo do Inmetro, que certifica que o equipamento segue padrões mínimos de segurança”, diz.
Durante as férias escolares, a vigilância deve ser constante. Informar, orientar e supervisionar crianças e adolescentes pode evitar acidentes graves. O cuidado com a rede elétrica dentro de casa é uma das formas mais eficazes de garantir que o período de descanso aconteça de forma tranquila e segura.
