O reconhecimento oficial pode acontecer no próximo final de semana. Um dos maiores patrimônios naturais e arqueológicos do Brasil está prestes a conquistar o merecido reconhecimento internacional. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado nos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, será avaliado entre os dias 10 e 13 deste mês, durante a 47ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, em Paris. Caso aprovado, o Peruaçu será oficialmente incluído na Lista do Patrimônio Mundial Natural.

Com mais de 200 cavernas catalogadas e outras mil já prospectadas, o parque abriga paredões calcários monumentais, sítios arqueológicos milenares e uma biodiversidade ímpar. O Peruaçu reúne paisagens cênicas e registros da presença humana que remontam a 12 mil anos. A área abriga ecossistemas típicos da Mata Atlântica, do Cerrado e da Caatinga, além de conter a maior estalactite conhecida no mundo — a “Perna da Bailarina”, com impressionantes 28 metros de altura.

Resultado de uma jornada de quase três décadas, a candidatura brasileira é fruto de 27 anos de estudos, articulação técnica e mobilização política. O primeiro reconhecimento internacional da importância do Peruaçu ocorreu em 1998, quando a região foi incluída na Tentative List da UNESCO, graças à articulação do professor José Ayrton Labegallini — principal responsável pela divulgação do Peruaçu junto à comunidade científica e espeleológica mundial.

A possível inclusão do Peruaçu como Patrimônio Mundial simboliza o reconhecimento internacional da riqueza natural e cultural do Brasil profundo. É fruto de um trabalho técnico rigoroso, da dedicação das comunidades locais e da persistência do povo norte-mineiro, que há décadas luta por esse momento — e que certamente trará benefícios para diversos municípios do eixo médio do Rio São Francisco.
