Bullying e Cyberbullying: papel das escolas na prevenção e cuidado com a saúde mental dos alunos

No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que mais de 30% dos jovens já relataram sentimentos de tristeza e desesperança persistentes, e que muitos desses relatos estão associados a experiências de humilhação, exclusão e intimidação.
Bullying deixa marcas profundas e, em alguns casos, irreversíveis - Foto: Divulgação/Internet
Bullying deixa marcas profundas e, em alguns casos, irreversíveis - Foto: Divulgação/Internet

Crescem os casos de sofrimento psíquico entre adolescentes; especialistas defendem a psicoeducação como ferramenta essencial no combate à violência entre pares.

O ambiente escolar, que deveria ser um espaço de aprendizado e segurança, tem se tornado, para muitos jovens, um local de sofrimento.

O bullying — agressões físicas, verbais ou psicológicas repetitivas — e seu equivalente virtual, o cyberbullying, são fenômenos que afetam diretamente a saúde mental de crianças e adolescentes, deixando marcas profundas e, em alguns casos, irreversíveis.


Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a quarta causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos no mundo.

No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que mais de 30% dos jovens já relataram sentimentos de tristeza e desesperança persistentes, e que muitos desses relatos estão associados a experiências de humilhação, exclusão e intimidação.

Com a expansão da internet e das redes sociais, o cyberbullying tornou-se ainda mais perigoso: não se restringe ao horário escolar e atinge os jovens mesmo dentro de suas casas.

A ausência de limites, o anonimato e a velocidade com que as ofensas se espalham tornam o sofrimento mais silencioso e devastador.

Cyberbullying afeta diretamente a saúde mental de crianças e adolescentes - Foto: Divulgação/Internet
Cyberbullying afeta diretamente a saúde mental de crianças e adolescentes – Foto: Divulgação/Internet

Psicoeducação: prevenir é mais eficaz que punir

Diante desse cenário alarmante, o papel da escola vai além do ensino de disciplinas.

A psicoeducação, que consiste em ensinar habilidades emocionais, sociais e comportamentais, é uma estratégia eficaz para prevenir o bullying e promover um ambiente escolar saudável.

Por meio de rodas de conversa, oficinas, teatro, cartazes e projetos de escuta ativa, é possível desenvolver nos alunos a empatia, o respeito às diferenças e o senso de responsabilidade social.

Criar espaços onde os estudantes possam falar sobre seus sentimentos e experiências sem julgamento é essencial.

Além disso, promover a participação ativa dos alunos na criação de campanhas e ações de combate ao bullying aumenta o engajamento e a consciência coletiva.

Papel da escola vai além do ensino de disciplinas - Foto: Divulgação/Internet
Papel da escola vai além do ensino de disciplinas – Foto: Divulgação/Internet

A escola como espaço de cuidado

As escolas que investem em programas contínuos de prevenção ao bullying não apenas reduzem os casos de violência como também contribuem para o aumento do desempenho acadêmico e da autoestima dos alunos.

É fundamental que a instituição se posicione com firmeza contra qualquer tipo de violência, acolhendo vítimas, responsabilizando agressores e trabalhando com ambos na reparação de danos.

A atuação de psicólogos escolares, orientadores e professores capacitados é decisiva nesse processo.

Esses são os agentes que podem identificar sinais de sofrimento, encaminhar para o cuidado adequado e fortalecer o vínculo entre escola, aluno e família.

Uma geração que precisa ser ouvida

O aumento de quadros de ansiedade, depressão e autolesão em adolescentes não pode mais ser ignorado.

A escola, ao se abrir para a escuta, à inclusão e à educação emocional, se transforma em um ambiente de proteção.

Em tempos de redes sociais e sobrecarga emocional, formar seres humanos mais conscientes, empáticos e preparados para conviver com as diferenças é urgente — e começa no chão da escola.

Psicólogo Clínico e Neuropsicólogo Renato Mota - Foto: Arquivo Pessoal
Psicólogo Clínico e Neuropsicólogo Renato Mota – Foto: Arquivo Pessoal

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