A história de Geir Francisca de Jesus, 60 anos, é daquelas que desafiam qualquer ideia de limite. Natural de Minas Gerais, ela começou a correr em 2008, incentivada não apenas pelo gosto por aventura, mas por um aviso médico que mudou sua vida: havia risco de desenvolver câncer no colo do útero. O conselho foi claro — praticar atividade física para fortalecer a imunidade. Geir ouviu, correu… e não parou mais.
“Comecei no trekking, adorava as provas de regularidade organizadas pelo meu amigo Fausio Silva. Quando veio o alerta médico, encarei a corrida como uma missão”, lembra Geir.
A corrida, que no início era uma recomendação de saúde, virou paixão e, mais tarde, salvação. Em 2016, veio o primeiro diagnóstico: câncer no colo do útero. A notícia, apesar de dura, encontrou uma mulher pronta. A imunidade já fortalecida pela prática esportiva ajudou no tratamento. Após a histerectomia total, em apenas dois meses, Geir estava na largada da tradicional Corrida de São Silvestre. “Corri, caminhei… mas fui”, diz, com orgulho.
Três anos depois, novo baque: câncer de tireoide. “Essa foi mais difícil. A respiração durante a corrida ficou comprometida e controlar os hormônios foi um grande desafio”, conta. Ainda assim, não se entregou. Virou mais uma página e seguiu correndo — com o coração pulsando por viver bem.
A trajetória dela ganhou as trilhas, ruas e montanhas do Brasil e do mundo. Entre as conquistas estão a desafiadora ultramaratona de 50 km em Diamantina (MG), onde conquistou o 5º lugar geral; os 25 km da gelada Serra do Rio do Rastro (SC), com largada a 0ºC e chegada a 1ºC, onde venceu na sua faixa etária; e diversas maratonas em solo brasileiro. Geir também cruzou fronteiras: correu em Roma e, em 4 de maio de 2025, completou a maratona de Montevidéu com o impressionante tempo de 3h35min.
Entre suas provas mais marcantes está a corrida de montanha em Campos do Jordão (SP), em janeiro de 2023. “Foram 24 km de subidas e descidas intensas, sem dúvida uma das mais difíceis que já enfrentei”, conta.
Para Geir, mais do que vencer provas, trata-se de vencer o tempo, o medo e a doença. “Quem passou por um câncer sabe: a luta nunca termina. É preciso estar sempre de olho, manter os exames em dia e, principalmente, não abandonar as atividades físicas. Minha meta é viver com qualidade.”
E que meta admirável. Aos 60 anos, Geir Francisca de Jesus segue mostrando que a corrida é muito mais que esporte. É resistência, coragem — e amor pela vida.