Brincadeira perigosa: pipas causam falta de energia para mais de 9 mil consumidores no Norte de Minas em 2025

No estado, quase 250 mil unidades já foram afetadas por ocorrências com pipas só neste ano
Crédito da foto: Arquivo/Cemig

A soltura de pipas, prática comum e tradicional nos bairros e comunidades do Norte de Minas, tem se tornado uma ameaça real à segurança e ao fornecimento de energia na região. Só nos cinco primeiros meses de 2025, 44 ocorrências envolvendo pipas em contato com a rede elétrica interromperam o fornecimento de energia para 9.671 unidades consumidoras, segundo dados da Cemig.

Em todo o estado de Minas Gerais, foram 853 interrupções causadas pela brincadeira no mesmo período, deixando quase 250 mil imóveis sem energia.

O problema é recorrente. Em 2024, o Norte de Minas registrou 186 incidentes, que afetaram mais de 42 mil consumidores. As cidades mais afetadas são aquelas com maior concentração urbana e presença de redes aéreas, onde é comum ver crianças e adolescentes empinando pipas entre ruas e avenidas.


Segundo o técnico de segurança da Cemig, César de Jesus Souza, o risco de acidentes é alto, principalmente quando são utilizadas linhas cortantes, como cerol e linha chilena, ou materiais metálicos. “Esses materiais podem energizar a linha ao tocar a rede elétrica e provocar choques de até 13.800 volts”, explica.

Brincadeira deve ser longe da rede elétrica

A Cemig orienta que a prática só seja realizada em áreas amplas, afastadas da fiação elétrica, e alerta: jamais tente resgatar pipas presas nos cabos. “Além de causar interrupções no fornecimento, há risco de acidentes graves e até fatais. Os pais precisam orientar as crianças”, afirma César.

Uso de cerol é crime em Minas

Desde 2019, a Lei 23.515 proíbe a venda e o uso de cerol e linha chilena em Minas Gerais. A multa pode variar de R$ 5.531 a R$ 276 mil. Se a linha cortante estiver com um menor de idade, os responsáveis legais são notificados, e o Conselho Tutelar é acionado.

Além dos danos à rede elétrica, o cerol também oferece risco a pedestres, ciclistas e motociclistas. “Uma simples linha com cerol pode se tornar uma arma”, alerta o especialista.

A Cemig reforça que soltar pipa é uma brincadeira saudável — desde que feita com responsabilidade e longe da rede elétrica. Segurança vem antes da diversão.

Jornalista graduada pela Funorte, Leila tem ampla experiência em comunicação, com atuação como editora-chefe, além de passagens por TV, assessorias, agências de publicidade e marketing e jornais online. Atualmente, integra o Portal Webterra, unindo técnica, ética e compromisso na produção de conteúdos de qualidade. Leitora assídua e engajada em causas sociais, leva sensibilidade e responsabilidade ao seu trabalho.