A psicologia do apego ajuda a entender como nossos vínculos emocionais da infância influenciam diretamente a forma como nos relacionamos e encerramos ciclos amorosos na vida adulta.
Encerrar um relacionamento amoroso pode ser devastador — e para algumas pessoas, o sofrimento parece não ter fim. Mesmo anos após o término, elas ainda se sentem emocionalmente presas, relembrando o que foi vivido e, muitas vezes, idealizando o ex-parceiro. Mas o que explica essa dificuldade em desapegar e iniciar uma nova história? A resposta pode estar nas raízes da Teoria do Apego, formulada pelo psiquiatra e psicanalista britânico John Bowlby.
Essa teoria propõe que os vínculos emocionais formados na infância com os cuidadores primários moldam o modo como nos conectamos — ou nos protegemos — nas relações afetivas na vida adulta. Existem quatro estilos principais de apego, e cada um deles tem impacto direto na forma como lidamos com a perda, o abandono e os recomeços.

1. Apego Seguro
Pessoas com esse estilo cresceram com cuidadores consistentes e emocionalmente disponíveis. Costumam se sentir confortáveis com a intimidade e sabem lidar com separações de forma saudável. Quando uma relação termina, sofrem, mas aceitam a perda e conseguem reconstruir novos vínculos com o tempo.
2. Apego Ansioso
Aqui está o grupo que mais sofre com términos. São pessoas que têm medo de serem abandonadas e tendem a idealizar relacionamentos e parceiros. Quando o relacionamento acaba, muitas vezes se agarram a fantasias de reconciliação e têm extrema dificuldade de seguir em frente. A dor da perda pode durar anos.
3. Apego Evitativo
O outro extremo: pessoas que evitam a intimidade e podem parecer emocionalmente frias. Mesmo que sofram internamente com o fim de um relacionamento, tendem a se fechar e a não demonstrar vulnerabilidade. Costumam pular rapidamente para novas relações, muitas vezes sem elaborar o luto da anterior.
4. Apego Desorganizado
Pessoas com esse estilo geralmente vêm de histórias de trauma, negligência ou abuso. Sentem desejo por conexão, mas ao mesmo tempo medo. Vivem relações caóticas, com altos níveis de sofrimento, e podem ficar presas por muito tempo a relações tóxicas — mesmo após o fim.

Quando o apego vira prisão
Ficar preso emocionalmente a alguém que já se foi pode não ser só uma questão de “coração partido”, mas um reflexo direto do estilo de apego que foi desenvolvido ainda na infância. A dificuldade de esquecer pode estar ligada ao medo do abandono, à baixa autoestima ou à crença inconsciente de que “não é possível ser amado de novo”.
Além disso, há outro fator importante: a idealização. Muitos, ao invés de lembrar dos motivos que levaram ao fim, focam apenas nos momentos bons e criam a ilusão de que aquela relação era perfeita — alimentando ainda mais a dependência emocional.
