A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets segue trazendo à tona os bastidores do lucrativo — e polêmico — mercado de apostas esportivas online no Brasil. Nesta terça-feira (21), o depoimento mais aguardado foi o do influenciador e sacerdote católico Padre Patrick, que soma milhões de seguidores nas redes sociais. Ele foi convocado para esclarecer sua relação com plataformas de apostas e os impactos éticos e sociais desse envolvimento.
Padre Patrick afirmou que encerrou o contrato com a empresa de apostas assim que percebeu a incompatibilidade entre sua imagem como figura religiosa e a natureza do serviço promovido. O sacerdote admitiu que chegou a divulgar links para apostas, mas alegou desconhecer que poderia receber porcentagens sobre as perdas dos jogadores. Seu depoimento reabriu uma discussão delicada: até que ponto fé e dinheiro podem caminhar juntos em tempos de influência digital?
A CPI já colheu falas de outros nomes de peso. Em abril, o empresário Daniel Pardim foi preso em flagrante por falso testemunho ao negar vínculo com sua sócia, Adélia Soares, investigada por lavagem de dinheiro. No início de maio, a influenciadora Virgínia Fonseca depôs e negou ganhos com prejuízos alheios, apesar de reportagens apontarem cláusulas contratuais com esse teor.

Além das figuras públicas, a CPI também ouviu pessoas comuns, como André Rolim, ex-viciado em apostas. Seu relato expôs o lado mais sombrio do vício digital: a perda de controle, o colapso financeiro e o impacto sobre vínculos afetivos. O contraste entre a sedução do lucro fácil e os danos reais sofridos por jogadores tem sido uma constante nos trabalhos da comissão.
Com o fim previsto para junho, a CPI das Bets se encaminha para uma conclusão que promete rever não só a legislação sobre jogos online, mas também o papel de influenciadores — religiosos ou não — na promoção de práticas que podem, sob a luz da fé ou da razão, custar muito mais do que dinheiro.