Palavras que vêm do coração: o vocabulário das mães

Mas você já parou para pensar no vocabulário que envolve o universo materno?
Foto: arquivo pessoal, festa de quinze anos da neta Melissa Lucena.
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No segundo domingo de maio, celebramos o Dia das Mães (lembro a você, rico leitor, de que o nome de datas comerciais deve ser grafado com letra maiúscula) — data que costuma vir acompanhada de flores, abraços, lembranças e, claro, de muitas palavras. Mas você já parou para pensar no vocabulário que envolve o universo materno?

A própria palavra mãe é curtinha, mas cheia de significados. Vem do latim mater, origem também de palavras como maternal, maternidade e matriarca. Em apenas três letras, ela concentra afetos, histórias, conselhos, broncas e carinhos.

Curiosamente, a maioria das línguas do mundo usa fonemas semelhantes para nomear essa figura tão essencial: mamma (italiano), mamá (espanhol), mom (inglês), maman (francês). Isso acontece porque os sons “m” e “a” estão entre os primeiros que os bebês conseguem pronunciar. Assim, “mamã”, “mama”, “mamãe” brotam naturalmente nas primeiras tentativas de comunicação.

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Além disso, mães têm vocabulário próprio — feito de expressões únicas, ditados populares, diminutivos carinhosos e até neologismos inventados no improviso. Dona Mercês, por exemplo, senhora vaidosa, simpática e cheia de vida, cuja numerosa família de 10 filhos (sete homens e 3 mulheres) ilustra esta coluna – em foto de arquivo pessoal – tem o vocabulário maternal cheio de autenticidade, que vão desde ameaças como “Quando eu morrer, vocês vão dar valor!”, a ditados paradoxais como: “Quem não viu quer ver, caldeirão sem fundo ferver.” ou “Se você soubesse a metade do que eu sei, saberia bem mais do que eu.”. Há também aquelas famosas falas que expressam a preocupação de mãe: “leva o casaco!”; “já foi à missa hoje?”, ou, “você não é todo mundo!”.

Neste Dia das Mães, que tal prestar atenção às palavras que elas dizem — e também àquelas que ficam no silêncio de um olhar? Afinal, linguagem também é afeto, e toda mãe é poetisa do cotidiano, mesmo sem saber. Felicite sua mãe, passe o dia com ela, para que, a profecia de Dona Mercês e de todas as demais mães brasileiras “Vocês só vão me dar valor quando eu morrer” não se cumpra.