Vivemos uma era em que o culto à produtividade tomou proporções quase religiosas. Frases como “trabalhe enquanto eles dormem” se espalham como mantras nas redes sociais, nos discursos de coaches motivacionais e até nos ambientes corporativos. À primeira vista, essa expressão parece valorizar o esforço e a dedicação. No entanto, por trás dessa aparente motivação, esconde-se uma lógica perigosa: a glorificação da exaustão.
A ideia de que é preciso trabalhar incessantemente para alcançar o sucesso alimenta uma cultura tóxica, que normaliza jornadas extenuantes, elimina o lazer e reduz a vida ao desempenho profissional.
Trabalhar enquanto os outros dormem, descansam ou vivem pode até gerar resultados no curto prazo, mas a que custo? Burnout, ansiedade, depressão e outras doenças relacionadas ao excesso de trabalho estão cada vez mais comuns — e não é por acaso.
Além disso, essa mentalidade ignora desigualdades sociais e econômicas profundas. Nem todos têm as mesmas oportunidades, tempo ou condições de dedicar horas extras ao trabalho. Valorizar quem “não dorme” como mais merecedor do sucesso desumaniza quem luta diariamente para equilibrar emprego, família e saúde.
Precisamos resgatar o valor do descanso, da convivência, da vida para além do trabalho. A produtividade real não deve ser medida pela capacidade de sacrificar o sono, mas pela habilidade de produzir com equilíbrio, criatividade e bem-estar. “Trabalhe enquanto eles dormem” pode parecer inspirador, mas é, na verdade, um convite à alienação e ao adoecimento.
Chegou a hora de questionarmos esses discursos e buscarmos um novo ideal: viva enquanto você trabalha — e durma em paz, com a certeza de que a sua saúde e sua vida valem mais do que qualquer meta!