Custo de vida em Montes Claros sobe no início de 2025: cesta básica já consome quase 38% do salário mínimo

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Montes Claros iniciou 2025 com aumento no custo de vida, refletido na inflação de 0,61% registrada em janeiro, acima dos 0,54% de dezembro de 2024. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor do Município de Montes Claros (IPC Moc), levantamento realizado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

O IPC Moc acompanha desde 1982 a variação de preços de bens e serviços consumidos por famílias com renda entre um e seis salários mínimos. De acordo com a coordenadora do estudo, a economista Vânia Silva Vilas Bôas, a inflação de janeiro é tradicionalmente mais alta, impulsionada pelo reajuste de produtos alimentícios e despesas sazonais.

“Embora serviços como IPTU e IPVA tenham sido adiados para fevereiro, o grupo Educação e Despesas Pessoais pressionou fortemente o índice neste mês”, explica.

Grupos de despesas e principais impactos

O Grupo Alimentação, responsável pela maior parte do orçamento familiar, teve alta de 1,15%, contribuindo com 0,33% para o IPC Moc. Entre os alimentos industrializados, o café registrou o maior aumento, com 7,45%, seguido pelo palmito (5,45%), óleo de soja (4,35%) e biscoitos (3,88%). Já os produtos in natura apresentaram quedas expressivas, como o chuchu (-58,72%), tomate (-30,82%) e cenoura (-27,31%).

Por outro lado, o Grupo Educação e Despesas Pessoais foi o que mais impactou o índice, com variação de 6,50% e contribuição de 0,56%. O reajuste das mensalidades escolares (11,14%) e dos cursos profissionalizantes (10,17%) foram os principais responsáveis pela alta.

Outros grupos também registraram aumentos, como Saúde e Cuidados Pessoais (+0,49%), puxado por medicamentos e produtos de higiene, e Habitação (+0,21%), influenciado pelo reajuste dos aluguéis. Já Transportes e Comunicação (-1,17%) e Vestuário (-2,37%) tiveram quedas, reduzindo o impacto da inflação.

Cesta básica pesa no bolso do trabalhador

O levantamento também apontou um aumento significativo na cesta básica em Montes Claros, que subiu 4,16% em janeiro, passando a custar R$ 576,64. Com isso, um trabalhador que recebe um salário mínimo de R$ 1.518,00 precisou destinar 37,99% de sua renda apenas para os itens essenciais de alimentação.

Após a compra da cesta, restaram R$ 941,36 para despesas com moradia, saúde, higiene, lazer e transporte. O tempo médio necessário para adquirir os produtos básicos foi de 104 horas e 59 minutos de trabalho.

Entre os itens que mais contribuíram para a alta da cesta básica estão tomate, margarina, café, carne bovina e pão de sal. Segundo a economista Vânia Vilas Bôas, o aumento dos preços é resultado de uma combinação de fatores, como condições climáticas adversas, maior demanda e o câmbio favorável à exportação, que encarece os produtos no mercado interno.