Montes Claros sediou, nesta segunda-feira (3), uma audiência pública promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para discutir a concessão das BRs 116 e 251 em Minas Gerais. O projeto prevê investimentos de R$ 7,2 bilhões ao longo de 30 anos, abrangendo 734,9 quilômetros de rodovias. O leilão está previsto para 2026.
A audiência contou com a participação de diversas entidades e lideranças regionais, incluindo a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montes Claros (ACI), que apresentou um parecer técnico sobre a BR-251. A rodovia é uma das mais estratégicas para o transporte de cargas no estado, mas também está entre as mais perigosas.
Durante o evento, mais de 50 sugestões foram registradas. Entre as principais preocupações, destacam-se a necessidade de revisão do valor do pedágio e a ampliação do trecho de duplicação, visto que os 22 quilômetros previstos são considerados insuficientes para atender à demanda da rodovia. Houve também cobranças para a inclusão de trechos críticos no projeto, como as serras de Francisco Sá, São Calixto e Salinas, que não foram contempladas na modelagem inicial da concessão.
A Polícia Rodoviária Federal alertou para falhas na sinalização e orientou que as prefeituras enviem suas contribuições até o dia 12 de fevereiro, prazo final desta fase do processo.
Representando diversas entidades, Diego Suzano, especialista em concessões, apontou defasagens no modelo atual da ANTT. Segundo ele, o projeto foi elaborado há quatro anos, durante a pandemia, e precisa ser atualizado para refletir a realidade atual. Ele também destacou que a maior parte da arrecadação com pedágios ficará concentrada na BR-116, enquanto os benefícios diretos para o Norte de Minas serão limitados.
Entre as propostas defendidas pelas entidades regionais estão:
•Duplicação total das serras de Francisco Sá, São Calixto e Vacaria (Salinas);
•Construção de oito áreas de escape, sendo quatro na Serra de Salinas, três em Francisco Sá e uma no Vento Lateral;
•Implementação de terminais de cobrança automática (Free Flow);
•Redução de investimentos em postos de parada para direcionar mais recursos à infraestrutura da rodovia.
A ANTT esclareceu que o trecho entre Montes Claros e a entrada de Janaúba não faz parte da concessão, pois já está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). No entanto, a ausência da Serra de Francisco Sá no projeto gerou preocupação entre os participantes.
As entidades acompanham essa demanda desde 2024 e reforçam a necessidade de urgência nas melhorias. Segundo a presidente da ACI, Gislayne Lopes Pinheiro, a BR-116 liderou o ranking de acidentes fatais em Minas no último ano, enquanto a BR-251, por sua relevância logística, segue sendo uma das rodovias mais perigosas da região.
As sugestões apresentadas serão analisadas e encaminhadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), etapa fundamental antes da definição final do projeto de concessão.