Consciência é substantivo feminino, talvez por isso haja tanta sensibilidade em seu exercício e tanta pluralidade em seu significado. Pois, segundo o Houaiss, significa: sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano compreender, experimentar ou vivenciar; faculdade da razão que julga o que é certo ou errado, ou os próprios atos, do ponto de vista moral; ação que causa remorso; probidade, honradez; e, cuidado, atenção, esmero.
Diante disso, pode-se afirmar que não haveria melhor palavra para definir o dia de luta contra o racismo e pela igualdade racial, como a palavra cons-ci-ên-cia. Essa que nomeia o, agora, feriado, de 20 de novembro: Dia da Consciência Negra, que consiste na celebração do orgulho da cor da pele negra e é símbolo de que a negritude não é inferior. Além de relembrar as lutas dos movimentos negros pelo fim da opressão provocada pela escravidão, esta data também é importante para valorizar a história do povo negro e a sua luta pela liberdade, além de evidenciar problemas estruturais da sociedade.
Mas afinal, é necessário haver Dia da Consciência Negra? Sim, é necessário! Não seria se não houvesse preconceito, o que infelizmente não dá para negar, pois o preconceito é real, latente e se apresenta de forma silenciosa, na ausência de representação; na desconfiança; no apagamento da história afrodescendente; e; em atitudes racistas cotidianamente naturalizadas.
Não precisaríamos de Dia da Consciência Negra se o respeito à pessoa humana fosse imperativo. Convém lembrarmos que há sempre quem pergunte: por que não é dia da consciência humana? Porque a consciência deveria ser humana, mas não é. Mas, todos são iguais. Deveriam ser, mas não são. Não precisa de data. Poderia até ser assim, mas não dá. Esta reflexão só é possível, uma vez que existe o Dia da Consciência Negra. Se não fosse esta data, este diálogo nem existiria. Ah, e por que não existe o dia do branco? 365 dias não são suficientes? Concordo que a data seja provocativa. Contudo, esta é exatamente a intenção!