Pra início de conversa é interessante entender que o intercâmbio comercial do norte de Minas Gerais é extremamente deficitário.
Para reverter esse quadro de desequilíbrio do intercâmbio regional não há dúvidas que é necessária a participação forte das lideranças políticas locais. Contudo, não há sinalização ao encontro dessa proposta.
Sabe-se que a região é eminentemente agropecuária, com destaque para a agricultura irrigada, especialmente a fruticultura, e a pecuária. E, por último, a energia solar. Essas atividades são a base da economia e trouxe o norte de Minas até aqui. No entanto, chegou o momento de dar o próximo passo: transformar essas riquezas naturais em produtos de maior valor agregado.
O potencial que se tem em mãos é imenso. A agricultura irrigada coloca a região, entre os maiores produtores de frutas do país, e a pecuária é fonte de alimentos e riqueza, com mercado aberto para todas as partes do Planeta. No entanto, por aqui, apenas uma planta industrial do setor frigorífico opera na classe global. E, é certo: o comércio de matérias-primas e produtos in natura torna a região vulnerável às oscilações de preços e à concorrência internacional. Para mudar essa realidade, não tem outro caminho, há a necessidade de focar na industrialização do setor agropecuário, criando um ciclo virtuoso que beneficie toda a cadeia produtiva.
Agregação de valor à fruticultura e à pecuária
É importante concentrar os esforços em agregar valor à nossa produção agrícola e pecuária. Isso significa industrializar o que se colhe e produz aqui. A fruticultura, por exemplo, tem um enorme potencial para a produção de sucos, compotas, polpas congeladas, desidratados e alimentos processados, que podem ser exportados para mercados exigentes. A pecuária pode avançar ainda mais. Já existe a produção de carnes de qualidade, com certificação, além de derivados como laticínios também. Mas precisa alcançar todas as categorias de produtores, além de começar a beneficiar o couro aqui na região. E, ainda atrair mais plantas frigoríficas e biotecnologia aplicada à genética animal.
Essa agregação de valor permitirá que os produtos cheguem ao mercado com mais competitividade e maior rentabilidade. Ao invés de exportar frutas frescas ou carne in natura, pode-se exportar produtos industrializados, que geram mais empregos, aumentam a renda e fortalecem a economia local.
Investimento em infraestrutura e tecnologia
A industrialização só será possível se se investir em infraestrutura logística de qualidade. É necessário garantir que a produção, tanto agrícola quanto industrial, chegue aos mercados de forma eficiente. Isso inclui modernizar rodovias, ferrovias e implantar aeroportos. Também é preciso investir em centros de distribuição e processamento próximos às áreas de produção, o que reduzirá custos e aumentará a competitividade.
Além disso, a tecnologia será um pilar central nesse processo. Precisa-se incorporar inovações tecnológicas tanto na agricultura quanto na indústria. Desde técnicas avançadas de irrigação e manejo de solo até processos de automação nas fábricas, a modernização tecnológica trará eficiência, aumento de produtividade e produtos de melhor qualidade.
Atração de investimentos e parcerias estratégicas
Há de se trabalhar para criar um ambiente de negócios favorável à instalação de novas indústrias, especialmente aquelas ligadas à transformação de produtos agropecuários. Para isso, é preciso atrair investimentos, tanto nacionais quanto internacionais, oferecendo incentivos fiscais e parcerias público-privadas que garantam segurança e retorno financeiro aos investidores.
Também deve-se fomentar parcerias com universidades e centros de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias voltadas à agroindústria, criando um ciclo de inovação que beneficiará toda a cadeia produtiva.
Educação e capacitação da mão de obra
Não se pode falar de industrialização sem pensar nas pessoas que farão esse processo acontecer. É preciso investir na capacitação da mão de obra, formando trabalhadores qualificados para atuar tanto no campo quanto nas indústrias. Isso inclui cursos técnicos, programas de treinamento e qualificação profissional, além de parcerias com instituições de ensino que ofereçam formação em áreas estratégicas para o setor agroindustrial.
Expansão do comércio exterior
Com a industrialização dos produtos agropecuários, a região estará pronta para ampliar sua presença no comércio internacional. Com isso, abrirá novos novos mercados, especialmente para os produtos industrializados, que terão mais valor agregado e poderão competir em condições favoráveis. A região irá explorar acordos comerciais, participar de feiras internacionais e promover os produtos como símbolos de qualidade e inovação.
“Temos todas as condições para transformar nossa região em um polo de agroindústria forte e sustentável. O que plantamos e criamos aqui pode ir muito além do que já conquistamos. A industrialização da fruticultura e da pecuária é o caminho para reverter nosso déficit comercial, gerar mais empregos, fortalecer a renda das famílias e projetar nossa região no cenário nacional e internacional”.