Busco uma visão poética do mundo, inspirado nas crianças. Procuro manter um olhar maravilhado da infância em tempos de adulto, tanto na vida comum quanto na escrita.
Quando penso em escrita, uma palavra me vem logo à cabeça: ENCANTAMENTO.
Quando escrevo procuro ser encantado e encantar logo no princípio, percebo está ali aquilo que eu quero, uma espécie de visão poética do mundo, das pessoas e das coisas.
Procuro estar sempre próximo da poesia, movido pelo poder divino dos versos.
Esse sentimento é o que me traz essa visão de encantamento, que me transporta para a minha infância que foi o nascimento da poesia dentro de mim.
Quando eu ainda era um menino longe de ter a possibilidade de escrever um livro, já me encantava no modo como a minha mãe me contava histórias, aquele momento que, de repente, fazia com que o mundo encantado existisse.
A criança está com a mente mais aberta, está disponível para a ideia de que o mundo exista de outras maneiras. Quer perceber, conviva com uma criança. A criança fica espantada, fica encantada com as coisas mais simples.
Se fizermos o exercício de tentar que as coisas simples entrem dentro de nós, podemos ficar com a mente mais aberta à perceber, afinal, que aquilo que pensávamos saber talvez não seja exatamente assim.
Entender e ter a disponibilidade para aceitar que, de repente, temos que aprender tudo de novo com as crianças é um modo de nos conectar com a infância.
Acho fascinante conviver com Lívia, minha neta, e percebo como ela tem a capacidade de construir universos completos em casa.
Esse é o grande desafio da minha vida e da minha escrita. Escrever alguma coisa que surpreenda, que faça com que aquele que está a ler – realmente perceba – que existia um mundo ali, oculto, que de repente se revelou.
Sempre é algo que acontece no dia a dia, que tem uma espécie de transcendência que me alimenta.
…Dedico a minha netinha Lívia, que me inspira