Possivelmente já nos deparamos com nós mesmos em prantos ao assistir uma cena de um filme no cinema que tenha nos emocionado ou nos arrepiado! Bem se você já se observou ou notou alguém assim, pode ter refletido por alguns minutos. É muito intrigante como o cérebro humano interpreta o que vemos, sentimos ou ouvimos! Sem restrições por muitas vezes acreditamos cegamente em verdades disfarçadas! Ora, um filme, podemos dizer, que é na maioria das vezes uma mentira bem contada, bem produzida, não é verdade? E sem que percebamos estamos passíveis a todo instante de vivermos fantasias; de ouvirmos frases agradáveis a nosso respeito; de sermos elogiados em público. Não é raro prestarmos atenção em algumas pessoas que são tão enfáticas em nos dizer algo, mas que depois de um tempo, pode se compreender que tudo não passava de propaganda enganosa. Ou seja, aquele dito popular, “quem não tem dinheiro, conta história” em algumas ocasiões não é apenas uma piada, mas pura verdade!
Parece-nos que o ser humano diante de tantos impasses vividos, diante de tantas afobações e com exíguo tempo, termina por carecer de atenção, de que alguém massageie o seu ego. Do mesmo modo que floreie o seu ouvido e os seus sentimentos com palavras pulcras, com formas emocionantes de se expressar. Porque assim, de alguma forma ele sente-se relaxado, envolvido e tocado por aquela pessoa, que se proclama com tamanha eloquência. E algumas pessoas ao vivenciarem isso podem até se entusiasmar, porquanto sem razão foram induzidas a pensar e agir por alguém que se tornou catedrático na arte da persuasão. Em outras palavras ao mesmo tempo na arte de enganar, de usar meios ardis para tapar a visão do outro e como uma hipnose conduzi-lo como a um robô às suas maldades disfarçadas. Além disso, para clarear nosso entendimento, aquele que se utiliza de artimanhas para enganar o outro, para fazê-lo agir erroneamente e fazê-lo acreditar que estaria fazendo o certo é crime previsto em nosso código penal brasileiro. Esse é o tão conhecido artigo: 171. Nessa lei está preceituado assim: “art. 171 – obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”, poderá ser apenado com reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Lado outro observamos que igualmente existem aqueles que são considerados indelicados ou sinceros demais, porque falam tudo que vem à cabeça e não filtram o que devem falar, ou como devem se articular. Isso pode ser interessante em certas ocasiões, todavia bastante perigoso, pois cada um de nós dispõe de uma maneira de absorver e interpretar as palavras e intenções. E nesse contexto, o que para um pode ser louvável ou suportável, para o outro pode ser algo totalmente repugnante e desprezível. Por conseguinte esse atributo explosivo de sentir e agir de alguns pode até mesmo causar infortúnios entre relacionamentos pessoais e profissionais. De certo que todos nós temos um limite de aceitação e de desavenças e quando algo extrapola o aceitável, verificamos que em razão das diferenças de temperamento, cada um reage de um jeito, por vezes, inesperada ou até truculenta. Vale lembrar uma passagem de um texto do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry que expressa que “se ao escalar uma montanha na direção de uma estrela, o viajante se deixa absorver demasiado pelos problemas da escalada, arrisca-se a esquecer qual é a estrela que o guia.”
Por isso se faz necessário a todo tempo estarmos nos policiando em pensamentos, palavras, atos e omissões, como nos diz uma oração religiosa. Pois para conviver bem em sociedade, compreendemos que estamos em linhas tênues e não sabemos o que encontraremos à frente. É preciso andar a cada passo com atitude firme e com os pés no chão. E ainda assim evitar se atirar ao léu, ao relento sem saber o que se encontrará à frente, pois o presente se faz agora, o futuro é um feto em formação, um embrião que se não conseguirmos moldá-lo e vigiá-lo, poderemos gerar monstros. E quando esses ogros romperem a casca do ovo, então, aí de nós! Poderemos estar condenados! Não nos descuidemos! Abramos a mente e o coração para o que é livre, pacífico e transformador! Que nossas ações sejam tratadas para o bem! Que o nosso discurso busque a sensível verdade! Que a ficção maldosa e alheia não nos envolva a ponto de estarmos cegos e cairmos em um precipício sem fim! E como diz uma canção” o mundo está a sua frente, com tanta coisa pr’a mudar e esperando pelo amor que só você pode lhe dar.” Sigamos firmes e conscientes!
(*) Capitão PM – Comandante da 210ª Cia. /10º BPM