A vida social cada vez mais exige de nós uma postura não somente ativa, mas uma atitude proativa, empreendedora e responsável perante as ações individuais e coletivas. Possivelmente muito de nós já estivemos próximos ou vivenciamos situações em meios profissionais ou de voluntariado em que por vezes esperamos muito e recebemos pouco de uns e de outros. Na verdade percebemos que uns emitem falácias com excesso sobre o que gostariam de fazer, outros são mais reservados e agem mais e, outros não são nem de um jeito e nem de outro – estão inertes ao que os envolve em certo tempo. Pois bem, verificamos que a colocação em prática do que se refere a responsabilidade é um atributo que está não raramente fora da prática cotidiana de uma boa parcela da sociedade e isso pode trazer consequências negativas para todos nós – ocupantes do corpo social. Sigmund Freud, psicanalista austríaco, certa vez disse que “a maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas têm medo de responsabilidade.”
Uns irão apontar como razão para essa situação a própria vivencia familiar ou quem sabe a ética de um grupo específico que não foi estímulo para que neles fossem desenvolvidas tais características. Por outro lado compreendemos que mesmo assim há quem diga que pessoas com esse adjetivo estão em extinção ou são pinçadas a dedo no mercado profissional e pessoal. Tendemos a crer que há um conflito não somente social, mas um embate pessoal em que alguns tendem a sempre escolher o que é mais fácil: produzir ou descansar? Correr ou dormir? Comer muito ou fazer dieta? É bem provável que muitos entendam como desculpa que são vítimas da maldade, da falta da desestrutura familiar, do mundo maligno, da seleção natural dos homens ou até do capitalismo selvagem. Há irremediavelmente desculpa para tudo. Por vezes não há a posse do compromisso de autorresponsabilizar-se pelos próprios atos e se colocar como autor da própria existência e das implicações que hão de vir. “Se quer que seus filhos tenham os pés no chão, coloque-lhes algumas responsabilidades nos ombros”, é que nos afirma a escritora americana Abigail Van Buren.
Então colocamos em evidência a palavra “responsabilidade”. Esse vocábulo, segundo o sítio da internet Wikipédia “é o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento ou do comportamento de outras pessoas”. Ao analisar o conceito descrito anteriormente percebemos uma grande lacuna no comportamento humano no que se alude a atitude ética, moral e legal. É verídico que preciosas vezes ouvimos ou flagramos alguém assumir a responsabilidade por um desastre ocorrido, seja de uma obra em que se construiu um viaduto para, a princípio melhorar o trânsito de veículos e pessoas. Todavia aquele monumento em pouco tempo veio a ruir e causar um grande prejuízo social, seja por exemplo, por um mal feito a alguém em que todos se eximiram de dizer “fui eu o responsável, por isso reconheço o que fiz”. Quantas vezes ouvimos isso? Se pensarmos bem, teremos poucas ou nenhuma lembrança a respeito. Nas palavras de Abraham Lincoln, “você não consegue escapar da responsabilidade de amanhã esquivando-se dela hoje.”
A responsabilidade pelos próprios atos deve ser forjada em nós desde o início da compreensão humana. Esses valores quando cultivados apropriadamente e de forma saudável podem decompor o indivíduo em um ser mais sensato, humanizado e empático, além de desenvolver responsabilidade pelos seus próprios atos perante o grupo social que ele compõem. Assumir esse comprometimento com equilíbrio e discernimento é como produzir pérolas na sociedade. São processos que parecem exigir um esforço incomum, mas que quando praticados com cuidado e com consistência se tornam algo automático, mais fácil do que muitas ações ditas complexas. Consciência, sensibilidade, empatia são alguns atributos intrínsecos a quem é candidato a desenvolver autorresponsabilidade, sobre seus próprios atos e sobre as consequências desses. O que ganhamos com o desenvolvimento pessoal da autorresponsabilidade? No mínimo a certeza de que em um universo de diferenças estratosféricas, iremos contribuir para tornar a sociedade um pouco melhor com nosso exemplo, com nossa postura e compostura de vida. Lembre-se: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, nos orienta Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês.
Michael Stephan da Silva – Capitão PM – Comandante da 210ª Cia/10º BPM