Essencial para o conhecimento geológico e uma extração mineral precisa e responsável, o levantamento aerogeofísico envolve o uso de aeronaves especializadas que sobrevoam terrenos a baixas altitudes, capturando imagens e informações de alta densidade e precisão. No entanto, esse serviço possui um custo elevado para empresas e pesquisadores, realidade que vai mudar em Minas Gerais.
Com o apoio do Governo de Minas, a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), vai disponibilizar gratuitamente o levantamento, até então pago, para agentes do setor, como empresas e pesquisadores. Antes, apenas pesquisadores podiam obter as informações sem custo, mediante um pedido formal da instituição de ensino. Para a iniciativa privada e outros interessados, os custos para acessar os arquivos chegavam a R$ 300 mil.
Para o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, o acesso gratuito aos dados de alto valor agregado oferece mais segurança e precisão aos investimentos no estado. “Quando o Governo de Minas toma a iniciativa de disponibilizar informações de projetos de mineração qualificadas, de forma gratuita, para empresas e universidades, damos mais um grande passo para atrair e direcionar melhor, e com responsabilidade, os investimentos voltados para o setor mineral no estado”, destaca Passalio.
Hoje, Minas Gerais se destaca frente a outros estados, oferecendo dados valiosos e de alta resolução de todo o território mineiro para empresas, instituições acadêmicas e outros interessados. As aferições disponibilizadas pela Codemge foram feitas a uma altura de 100 metros das áreas sobrevoadas e utilizam métodos gamaespectrométricos e magnetométricos. Os arquivos estão disponíveis no site da companhia nos formatos original GDB/Grid e em PDF.
Devido à alta confiabilidade das informações dos estudos envolvendo levantamentos aerogeofísicos para a prospecção mineral, a ferramenta é fundamental para que empresas interessadas em investir em Minas Gerais possam identificar locais de maior potencial para extração mineral com maior precisão. O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, Sérgio Cabral, ressalta a importância de oferecer os dados sem custos e de forma desburocratizada em prol do desenvolvimento econômico do estado. “A decisão de tornar o acesso livre tem o intuito final de cumprir com o papel da Codemge, de estimular ainda mais o desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais. E a mineração é um setor que olhamos com atenção, pois, certamente, gera emprego e renda para os mineiros”, destaca Cabral.
Além dos aerolevantamentos, a Codemge também disponibiliza os projetos de mapeamentos geológicos de Minas Gerais, que complementam as informações dos primeiros. Reunidos no Portal da Geologia, os dados também podem ser acessados gratuitamente. Uma parceria com o Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Serviço Geológico do Brasil, a ferramenta facilita o estudo do potencial mineral do estado, oferecendo dados mais completos e organizados, agilizando a busca e o acesso às informações geológicas, representando um importante recurso para conhecer os depósitos e estimular os investimentos no setor mineral.
De acordo com o gerente de Mineração e Meio Ambiente da Codemge, Eduardo Ruiz, o levantamento aerogeofísico é um dos inúmeros serviços que podem ser utilizados para fins de pesquisa mineral e que contribuem para a eficiência no processo de uma mineração mais responsável. “No tocante à sustentabilidade, evidentemente que quando esses dados se tornarem acessíveis à sociedade, todos partirão de um pressuposto técnico mais robusto para tomar a decisão de desenvolver um determinado projeto mineral em uma certa área ou não”, explica Ruiz.
O acesso gratuito ao serviço de levantamento aerogeofísico prestado pela Codemge pode subsidiar a proposição de políticas públicas e apoiar a atual missão do Governo de Minas no projeto econômico-social do Vale do Lítio, na região do Vale do Jequitinhonha, onde entre 2021 e julho de 2024 houve uma evolução notável da pesquisa mineral relacionada ao lítio. Em 2021, a Agência Nacional de Mineração (ANM) registrou 100 processos de autorização de pesquisa, enquanto em 2024 esse número saltou para 538, representando um aumento de mais de cinco vezes no período.
Com o avanço da demanda por pesquisa mineral em Minas e no Vale do Lítio, a Sede-MG elaborou três projetos estratégicos que serão ferramentas importantes para a formulação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento responsável e eficiente do setor mineral em Minas Gerais. O primeiro trata-se do Diagnóstico do Setor Mineral de Minas Gerais, concluído em 2021, mas atualizado a cada dois anos. O documento reúne dados e informações essenciais que serviram de base para os outros dois projetos, atualmente em fase de conclusão: o Plano Estadual de Mineração de Minas Gerais (PEM-MG) e a Avaliação Ambiental Estratégica para o Minério de Ferro (AAE).