Coluna Sal da Terra: A poesia é terapêutica

Poeta Milton Santiago no 25° Psiu Poético, em 2011. Foto: Arquivo Pessoal

Os livros “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez; Terra Sonâmbula, de Mia Couto; e Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa; são lindos livros que fazem parte da minha vida e serão para sempre referências e inspirações para mim.

Começo hoje com grande prazer, a compartilhar aqui, partes dos discursos destes grandes escritores, em suas memórias, que se depender de seus textos – sem dúvida – viverão para sempre.

Quero saudar meus leitores e consequentemente os seguidores do Portal WebTerra , com partes dos discursos dos mais brilhantes escritores de nosso tempo, que iluminam o mundo com suas palavras.

Montagem de fotos dos escritores García Márquez, Guimarães Rosa e Mia Couto. Foto: Divulgação

Desde então, o mundo tem admirado cada vez mais com força, a literatura desses 3 homens, com suas vozes sem fronteiras, cuja infinita obstinação se confunde com a nossa história de sonhadores.

Confira um trecho do discurso de Gabriel García Márquez no Prêmio Nobel de Literatura de 1982.

– “Em cada linha que escrevo trato sempre, com maior ou menor fortuna, de invocar os espíritos esquivos da poesia, e trato de deixar em cada palavra o testemunho de minha devoção pelas suas virtudes de adivinhação e pela sua permanente vitória contra os surdos poderes da morte. Entendo que o prêmio que acabo de receber, com toda humildade, é a consoladora revelação de que meu intento não foi em vão. É por isso que convido todos a brindar por aquilo que um grande poeta das nossas Américas, Luis Cardoza y Aragón, definiu como uma prova concreta da existência do homem: a poesia. Muito obrigado”.

Fico, então lembrando de uma frase do Luis Cardoza y Aragón, o poeta guatemalteco falecido em 1992, neste discurso de Gabo: “A poesia é uma prova concreta da existência do homem”.

“A poesia é uma prova concreta da existência do homem”.

Capa do livro “A Menina e o Poeta”, de Milton Santiago. Foto: Arquivo Pessoal

A literatura não é só um trabalho de linguagem, mas também um instrumento de tratamento e de cura. Releio e reescrevo aqui: medicina moderna e o poder da poesia.

Não é novidade que a poesia, pode sim, ser terapêutica. Não só a sua leitura mas também a sua escrita. É o que conta a notícia da internet sobre alguns hospitais de Nova York que usaram a poesia como recurso terapêutico, entre eles, o hospital Coler Goldwater Memorial Hospital.

Enquanto isso, grandes figuras do mundo da medicina reconheciam a importante relação das artes com a cura: SIGMUND FREUD e outros teóricos, como Adler, Jung, Arieti e Reik também confirmaram que os poetas foram os primeiros a traçar caminhos que a ciência seguiu depois.

Moreno sugeriu o termo “psicopoesia”, bem como o termo “psicodrama”, pelo qual é famoso.

Sigmund Freud é conhecido como o “pai da psicanálise”, por conta da sua extensa contribuição para o surgimento desse campo clínico que tem enfoque na psique humana. Foto: Divulgação

Na década de 1960, com a evolução progressiva da psicoterapia de grupo, os terapeutas ficaram maravilhados ao descobrir que a “poesia é terapêutica”. É uma ferramenta eficaz que eles se sentiam confortáveis em incorporar em seu trabalho.

A poesia terapêutica começou a florescer nas mãos de profissionais em várias disciplinas, incluindo: reabilitação, educação, recreação e arte terapia. A poesia torna as forças inconscientes, conscientes e compreensíveis; Ela fornece uma saída para as emoções, para os sentimentos e pensamentos.

O principal ponto que gostaria de destacar é que a poesia trabalha como uma escolha de palavras, uma escolha lexical. Assim, as palavras não estão soltas e jogadas ao vento. Não é como na fala, que vamos falando tudo que nos vem à cabeça.

O poeta e escritor Milton Santiago, em Salinas. Foto: Arquivo Pessoal

A poesia é escuta. É sossego da alma. E ao pararmos para ler ou escrever um poema, temos contato com um universo de palavras escolhidas a dedo e costuradas, alicerçadas, para um sentido que tende ao toque do sentimento e ao despertar das emoções.

Quando escrevemos poemas, por sua vez, também fazemos essa escuta de palavras e fazemos o jogo da desaceleração para escutarmos o que diz nossa alma, combinarmos rimas e envolvermos no artesanato das palavras as nossas almas.

Milton Santiago em entrevista para o Podcast Webterra/ Mídia/Reprodução/Webterra

Certifique-se do quão gostoso, prazeroso e curativo é a poesia. Aventure-se pela mística das palavras concretizando sonhos, reverberando pensamentos e transformando nossas atitudes.

Milton Santiago