Novas espécies de plantas são encontradas na cordilheira do Espinhaço, no Norte de Minas

Pesquisadores do Plano de Ação Territorial para conservação de espécies ameaçadas de extinção do Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), sob a coordenação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), identificaram duas novas espécies de canela-de-ema pertencentes ao gênero Vellozia, da família Velloziaceae, em Monte Azul,  Norte de Minas. As espécies recém-descobertas, Vellozia flavida e Vellozia formosa, […]

Foto: Danilo Zavatin

Pesquisadores do Plano de Ação Territorial para conservação de espécies ameaçadas de extinção do Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), sob a coordenação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), identificaram duas novas espécies de canela-de-ema pertencentes ao gênero Vellozia, da família Velloziaceae, em Monte Azul,  Norte de Minas.

As espécies recém-descobertas, Vellozia flavida e Vellozia formosa, foram encontradas na vegetação dos Campos Rupestres do Espinhaço e suas descrições foram publicadas recentemente na revista internacional Phytotaxa. Devido ao seu status de microendemismo, o que significa que ocorrem em apenas um local específico e numa área muito limitada, essas novas espécies foram classificadas como criticamente ameaçadas de extinção, restritas a uma única serra.

Esta área já está se destacando pela descoberta de diversas espécies novas, como a Uaizeitona, Chionanthus monteazulensis, resultado dos esforços para identificar lacunas no conhecimento da flora através do PAT Espinhaço Mineiro e do Projeto Pró-Espécies, enfatizando a extraordinária biodiversidade do Norte de Minas.

Além de sua importância científica, as plantas são notáveis pela beleza de suas flores, geralmente lilases a brancas, embora essa descoberta tenha revelado uma flor rara de cor amarela, batizada como Vellozia flavida. Esta é apenas a terceira espécie de Vellozia conhecida por essa característica, em um gênero que inclui 130 espécies encontradas tipicamente em áreas de grande altitude. A outra nova espécie, Vellozia formosa, recebeu seu nome em homenagem à sua localização no Pico da Formosa.

Renato Magri, pesquisador e autor principal da descoberta, vinculado ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), destaca que este trabalho teve início com os estudos conduzidos pelo professor Renato Mello-Silva, falecido em 2020, cujo foco foram as canelas-de-ema.

As plantas coletadas pelos botânicos são preservadas em herbários após secagem. Nos estudos conduzidos pelo professor Renato Mello-Silva, foi identificado que se tratavam de espécies novas, embora a Vellozia flavida ainda não tivesse florescido na época, um aspecto crucial para a descrição da espécie.

Com o apoio do PAT Espinhaço Mineiro e do Projeto Pró-Espécies, foi possível viabilizar as expedições de campo. “Eu sabia da existência dessas espécies novas na região, mas não sabia que o acesso seria tão difícil. A missão de coleta em campo para encontrar as plantas foi bastante pesada, por causa do relevo, bem como da necessidade de achar as plantas com flores”, diz Renato.

A pesquisadora Andressa Cabral explica que as espécies de Vellozia possuem características fascinantes, que lhes permitem crescer em ambientes adversos, como solos rasos, altas temperaturas, alta insolação e escassez de água. “Isso destaca a importância de conservar esses habitats com uma flora tão singular, que é essencial para manter a biodiversidade e o equilíbrio ecológico desses ecossistemas”, frisou a pesquisadora.

Além dos autores do artigo científico, que são pesquisadores, cientistas e especialistas botânicos, a pesquisa também teve o apoio da equipe do Parque Estadual Caminho dos Gerais, por meio do analista João Carlos Batista dos Anjos e do gestor do parque, Alessandre Jorge.

“A ampliação do conhecimento científico é fundamental para valorar os ecossistemas e traçar estratégias para a conservação e uso sustentável da cordilheira do espinhaço na região Norte”, explicou Jorge.

Cordilheira do Espinhaço. Foto: Danilo Zavatin