É possível perceber no trânsito diário as pessoas sem rumo na rua, nos semáforos, nas esquinas e por vezes, pedindo alguma ajuda, estendendo as mãos, ávidas por comer ou beber algo que as sacie. Em momentos não raros, àqueles fazem coisas que aos nosso olhos podem ser consideradas indignas e miseráveis ao ser humano. E tudo isso nos traz no mínimo um desconforto, uma certa incompreensão de tantos males sociais que são recorrentes em nossa sociedade, que são dissipados e continuam a perdurar. O tempo se esvai, mas essas discrepâncias sociais ainda nos defrontam mais e mais como um brusco ranger de dentes.
Nas ideias de um dos mais conhecidos teólogos e filósofos, Santo Agostinho, “a esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.” Por outro lado, alguns não se retraem e se indagam sobre a causa de tudo, de quem é essa nobre responsabilidade, o que fazer e como fazer para minimizar essa macambúzia realidade?
Por compreender que o ser humano pode recorrer a diversos caminhos, talvez até uma porção dos líderes sociais pode não se sensibilizar com o que retratam os seus próprios olhos. É bem possível que ainda ajuízem que tudo isso faz parte da realidade e não se olham no espelho ao se depararem com essas situações. E, repetem talvez, que as coisas são assim mesmo! Que uns naturalmente perdem, e outros ganham! Como se tudo isso fosse um resultado habitual de uma natureza perversa. Desse modo, creem que o homem é selecionado segundo seus pensamentos, suas decisões e atitudes. Compreendemos ainda que a sociedade não está ao léu. Ela se encontra claramente segmentada. E nesse entendimento há os que governam e há os que são governados.
Para manter a ordem e a organização social, em funcionamento e bem resolvida, não podemos nos olvidar de que uns devem ser escolhidos para conduzir o grupo social e os que estão sendo conduzidos devem fazer sua parte de atender o que lhe é anunciado, e agregar os outros para que andem juntos, em uma só direção. Também assim o escritor, Augusto Cury, nos alerta que “os nossos maiores problemas não estão nos obstáculos do caminho, mas na escolha da direção errada”.
Vale dizer que acreditamos que todos podemos atuar nesse cenário social para modificar essa mazela comum que acometem, ainda que não queiramos, a todos nós. De tal forma que seres humanos que somos, e todos independentemente de raça, cor, classe social, credo, somos iguais! Não é verdade? Ainda existem os que agem com indiferença, como se aqueles que estão no submundo, em uma subcultura fossem alienígenas, fossem animais irracionais. Isso é algo polêmico e nos leva a pressupor que por muitas vezes agimos por impulso, sem verdadeiramente refletir qual a história que cada um viveu, quais foram as necessidades, dificuldades e quais foram as oportunidades que aquele não teve em sua vida.
É inegável que dia a dia temos que cultivar um sentimento de solidariedade, pois ainda por medo, por insegurança, por inconsciência, podemos agir indiferentes ao que ouvem os nossos ouvidos, ao que veem nossos olhos! Mahatma Gandhi nos lembra que “a prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”.
Cada um pode de alguma forma contribuir para que a nua e crua realidade do outro seja um pouco melhor. Ainda assim observamos quantas entidades, pessoas e instituições desenvolvem trabalhos fantásticos em prol da vida, em prol da cidadania, em prol de poder ver a vida de alguém transformada, engajada, satisfeita. Sem dúvida, com um mínimo de esforço podemos ajudar a transformar situações, podemos recriar a existência e fazer brotar o sorriso e a flor no caos.
Não é fácil, isso todos nós já sabemos! Mas quem disse que seria!? Qual é a graça em não se esforçar e em se acovardar perante ao que está aí? Em não lutar! Em não reagir! É imperativo que temos que tratar para que a vida seja pelo menos um pouco mais agradável! Quem apoia e quem se doa pelo outro, é por muitas vezes mais feliz e mais grato do que quem é ajudado! Afinal quando auxiliamos alguém, indubitavelmente estamos ajudando a nós mesmos, isso é fato! Vamos lá, mão na massa! E, assim, revela-nos ainda, o escritor e humanista Chico Xavier que “nem sempre terás o que desejas, mas enquanto estiveres ajudando aos outros, encontrarás os recursos de que precisas”.
Capitão Michael Stephan