O papa Francisco reconheceu o segundo milagre do beato Carlo Acutis, na última quinta-feira (23). A identificação abre caminho para que o jovem que morreu aos 15 anos de idade seja santificado pela Igreja Católica.
O milagre atribuído ao beato é sobre a cura de uma mulher na Costa Rica, morta após um acidente de bicicleta. Carlo Acutis foi beatificado pelo Vaticano no ano de 2020, após a igreja reconhecer o primeiro milagre atribuído ao rapaz católico, que aconteceu em Campo Grande-MS, no Brasil.
Uma menino, de 3 anos, possuía uma doença rara congênita no pâncreas, e foi curado após sua família rezar para Carlo Acutis e a criança ter tocado em um pedaço de roupa que teria o sangue do beato. O episódio ocorreu em 12 de outubro de 2010, quatro anos após a morte de Carlo.
Desde cedo, Carlo apresentava habilidades fora da curva para pessoas de sua idade com informática e domínio das redes. Ele usou seus conhecimentos para evangelizar pela internet. Com isso, o jovem ficou conhecido como “ciberevangelista” e “padroeiro da internet”.
A doença
Carlo nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, na Inglaterra. Mas foi criado boa parte da vida na Itália, entre as cidades de Milão e Assis. O rapaz morava com os pais.
Em 2006, surgiram sintomas e o bearto foi diagnosticado com uma leucemia fulminante. Ele morreu no mesmo ano, no dia 12 de outubro de 2006 – dara em que é comemorado o Dia de Nossa Senhora Aparecida – , em Monza, na Itália.
Acutis recebeu o diagnóstico de leucemia aguda com serenidade. Decidiu entregar seu sofrimento para Deus. “Eu ofereço todo o sofrimento que hei de ter pelo Senhor, pelo Papa e pela Igreja”, afirmou.
Deixou como desejo ser sepultado em Assis — no que foi atendido. Logo após a sua morte, começou um clamor popular para que ele um dia fosse reconhecido como santo.
Devoto de Virgem Maria
De acordo com informações da mãe do beato, Antonia Acutis, o beato se tornou devoto de Virgem Maria ainda na infância, e não perdia uma missa. “Desde pequeno, sobretudo depois da primeira comunhão, (ele) nunca faltou ao encontro diário com a Santa Missa e o Rosário, seguidos de um momento de adoração eucarística”, destacou Antonia à agência de notícias ACI.
Em entrevista ao The Times, a mãe de Carlo Acutis disse que mesmo no leito de morte a fé e generosidade do jovem não deixaram de o acompanhar. “Durante sua agonia, que durou cinco ou seis dias, os médicos lhe perguntavam: ‘Você está sofrendo?’. E ele disse: ‘Tem gente sofrendo muito mais do que eu’, mesmo que estivesse enfrentando uma dor terrível”, se emocionou.
Jeans e terço na mão
O que chamou a atenção de fiéis em todo o mundo ao se depararem com a imagem do beato foram a jovialidade e a contemporaneidade como seus restos mortais, preservados em uma tumba na cidade italiana de Assis, foram apresentados.
Algumas pessoas santificadas pela Igreja Católica recebem uma denominação de “corpo incorrupto”, que é o corpo humano que apresenta a propriedade, sem que tenham sido utilizados métodos de embalsamamento, de não se decompor após a morte. Após a exumação dos corpos, muitos permanecem com os aspectos preservados, diferentes de uma decomposição normal, que a ciência não consegue explicar.
O corpo do beato embora muito preservdo, passou por alguns procedimentos para restauração. Porém, mesmo com as ações externas, mantinha aspectos preservados de forma natural.
O arcebispo de Assis, dom Domenico Sorrentino, afirmou durante a missa de abertura do túmulo de Carlo, em 2020: “Hoje nós o vemos novamente em seu corpo mortal. Um corpo que passou, ao longo dos anos de sepultamento em Assis, pelo processo normal de decomposição”. O pe. Carlos Acácio Gonçalves Ferreira, reitor do santuário onde se encontra o túmulo de Carlo, também declarou que o corpo do beato estava “totalmente íntegro”, mas não intacto.
Embora pareça incorrupto quando contemplado por meio do vidro de proteção, o corpo do beato Carlo Acutis está recoberto por uma camada de cera que preserva o seu aspecto de antes do sepultamento. Não é algo incomum para a apresentação pública de corpos de santos ou beatos: na Europa, especialmente na Itália, os restos mortais de vários santos são envoltos nesse tipo de cera para serem apresentados em relicários de vidro aos peregrinos.
O jovem foi exposto, de terço na mão, vestindo jeans e um casaco de moletom – destoante do padrão tradicional dos adereços de altares católicos-Conselheiro da Ordem dos Padres Mercedários em Roma, frei Reginaldo Roberto Luiz, que trabalha com processos de canonização no Vaticano, acredita que esse tipo de exibição serve para demonstrar “a face jovial” da Igreja.
“(Quando papa, o hoje santo) João Paulo 2º (1920-2005) falava que precisamos de santos para os tempos atuais, que possam vestir tênis, calça jeans, camiseta e estar no povo”, afirmou durante entrevista para a imprensa.
*Com informações de BBC News Brasil e Metrópoles