Os projetos em andamento em São João do Pacuí, Norte de Minas, como parte do programa de Restauração das Bacias Hidrográficas do rio São Francisco, já estão apresentando resultados positivos. Mesmo com a chegada do período de estiagem, é perceptível a presença de áreas verdes e uma diminuição na quantidade de terra que é levada para o curso d’água. As atividades de preservação do solo e da água, juntamente com a revitalização da bacia do Córrego Sumidouro, foram realizadas durante o segundo semestre de 2023.
A iniciativa conjunta da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) tem contribuído significativamente para a recuperação das bacias hidrográficas do rio São Francisco. Em São João do Pacuí, foram construídas 300 barraginhas (pequenas bacias de captação de água) e 20 quilômetros de terraços, com um investimento total de aproximadamente R$ 184 mil.
O projeto beneficiou vários produtores rurais da região, com propriedades na bacia do Sumidouro, e contou com a parceria da prefeitura. “Começamos a demarcação das áreas no final de julho de 2023 e, em novembro, foram feitas as obras das bacias e terraceamentos. A seleção das propriedades contemplou comunidades dentro da sub-bacia e com mais processos erosivos”, explica a engenheira agrônoma da Emater-MG, Célia Cristina Leite Marques.
Segundo ela, o córrego Sumidouro é um importante manancial do município, localizado na região do semiárido mineiro. “Com as obras, houve um aumento no volume de água para o abastecimento do lençol freático e uma maior contenção de erosões”, salienta Célia Marques.
Um dos beneficiados pelo programa, o produtor Rodrigo Beltramine obteve quatro bacias de captação de água de chuva e um terraceamento em sua propriedade. “O serviço segurou mais a umidade na terra. Com as chuvas do início do ano, o capim voltou com força e acabou o problema de alguns buracos, que apareciam no terreno. Na região havia locais com problema de assoreamento, o que acabou com as obras”, comenta.
O agricultor conta ainda que sua propriedade fica próxima de uma rodovia e, no ano passado, teve problemas de incêndio em duas áreas. “O local onde foram feitas as barraginhas já se recuperou, enquanto a outra área ainda não. Então dá para ver que as barraginhas mantêm mais a umidade, o que é muito importante principalmente na nossa região que é bem seca. Então quanto mais obras desse tipo forem feitas, melhor para o povo do município e também para a bacia hidrográfica”, observa Rodrigo.
Desde o lançamento do programa em 2008 até agora, aproximadamente 150 cidades foram favorecidas com iniciativas de reabilitação em mais de 140 sub-bacias. A Emater-MG desempenha um papel crucial na organização dos agricultores e na seleção dos locais mais apropriados para os projetos, facilitando também a comunicação com as prefeituras e os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS).
O diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável da Seapa, Roberth Rodrigues e Silva, é o gestor do projeto pela secretaria. Ele explica que o programa desenvolve ações fundamentais não só para revitalização do rio São Francisco como para o desenvolvimento rural sustentável da região.
“Estas intervenções são uma técnica muito eficiente para melhorar a infiltração de água no solo. Assim há um aumento da quantidade de água nas sub-bacias e, consequentemente, na vazão dos córregos e rios, possibilitando as atividades agropecuárias e o abastecimento humano”, salienta Roberth.
Para além dos benefícios proporcionados pelas barraginhas, o Programa de Restauração das Bacias do rio São Francisco promove atividades adicionais, como a preservação de nascentes, áreas de mata ciliar e de topo, a regularização ambiental de estradas locais e a implementação de curvas de nível, entre outras medidas voltadas para fomentar uma agricultura sustentável.