A mastectomia, a remoção total ou parcial de um ou ambos os seios, é um procedimento cirúrgico que, muitas vezes, gera dúvidas e receios nas mulheres que o enfrentam.
Mas, compreender as nuances desse procedimento e seus impactos na vida após a cirurgia é essencial para navegar esse momento com mais força, fé e informação.
“É comum sentir cansaço, dor e desconforto no início, mas com o tempo e acompanhamento médico adequado, a maioria das mulheres se recupera bem. O impacto emocional também varia, mas o apoio de familiares, amigos e grupos de apoio podem ser cruciais para lidar com sentimentos como ansiedade, medo e tristeza”, explica a médica oncologista e paliativista, Raiana Barbosa Chaves.
A vida após a mastectomia é única para cada mulher, moldada por suas experiências individuais, rede de apoio e perspectiva de vida. A decisão de realizar uma mastectomia deve ser tomada em conjunto com a equipe médica, levando em consideração diversos fatores, como o estágio do câncer, o tipo de tumor, a idade e saúde geral da mulher, seus valores pessoais e preferências.
“Mastectomia é quando se retira a mama toda por causa de um câncer de mama. Estamos cada vez menos fazendo a cirurgia radical (que retira toda a mama). Porque se descobrimos o câncer numa fase inicial, podemos retirar a parte da mama em que está o câncer, e não precisa retirá-la totalmente. Nos dias atuais, só fazemos mastectomia se o câncer for grande, e não puder ser retirado só de uma parte”, ressalta a especialista.
No entanto, algumas características comuns podem ser observadas, como adaptação física e emocional, já que o processo de recuperação física e emocional da mastectomia é gradual e exige paciência.
É importante que a mulher se sinta informada sobre todas as opções de tratamento disponíveis e tenha tempo para ponderar os riscos e benefícios de cada uma delas antes de tomar uma decisão.
A mastectomia pode afetar a autoestima e a sexualidade da mulher, mas isso não significa que elas estejam condenadas a uma vida sem prazer e realização. É importante buscar apoio psicológico para lidar com esses sentimentos e explorar novas formas de se sentir bonita, sensual e desejada.
É o caso de uma paciente, que não quer se identificar, e neste texto a chamaremos de Lara. Ela teve um câncer na mama esquerda, há oito anos, retirou um nódulo, mas o câncer voltou. Agora, por precaução médica, realizará o procedimento para retirada das duas mamas.
“Estou muito ansiosa com o procedimento cirúrgico. Não tenho dormido direito, fico pensando e só consigo dormir com remédio para ansiedade. O que tem me dado força é a minha família, o meu netinho de 6 meses e o outro que estar por chegar. Além de muita oração e apoio em meus irmãos, minha mãe e meu marido”, conta emocionada.
A maioria das mulheres retoma suas atividades habituais após a mastectomia, incluindo trabalho, lazer e vida social. O tempo de recuperação varia, mas com acompanhamento médico e fisioterápico adequado, a maioria das pacientes se sente pronta para retomar sua rotina em poucas semanas.
Reconstrução mamária
A reconstrução mamária, a recriação total ou parcial dos seios, é uma opção para muitas mulheres que desejam restaurar a forma e a simetria do tórax. Existem diversas técnicas disponíveis, utilizando próteses de silicone ou enxertos de tecido autólogo, e a escolha ideal dependerá das características individuais de cada paciente.
“O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a cirurgia reparadora mamária para mulheres que realizaram mastectomia por diversos motivos, incluindo câncer de mama, doenças benignas e disforia de gênero. A cobertura inclui a reconstrução com próteses de silicone e enxertos de tecido autólogo”, finalizou Raiana .
É importante ressaltar que o direito à cirurgia reparadora mamária pelo SUS está amparado pela Lei nº 12.764/2012 que Dispõe sobre a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer de Mama e dá outras providências e Portaria GM/MS nº 707/2019: Dispõe sobre a Diretriz Nacional de Atenção à Saúde da Mulher com Câncer de Mama.