Em 1946 a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a Saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”.
Diante disso, é importante destacar, que não somos capazes de nos manter funcionais e ter qualidade de vida se não tivermos uma boa saúde mental.
Assim como a saúde física, a saúde mental é um componente que promove a capacidade do indivíduo de viver, trabalhar, gerir a própria vida, enfrentar dificuldades do dia a dia, se relacionar bem consigo e com os outros.
Apresentar ou não uma boa saúde mental está diretamente associado a dois fatores: carga biológica, ou seja, predisposição genética que torna a pessoa vulnerável ao adoecimento mental; e fatores externos, que podem ocorrer ou não na vida de cada um.
Alguns transtornos como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar possuem significativa carga genética, mas situações adversas como lutos e vivências traumáticas, além de relações conflitantes, sejam familiares ou sociais, podem interferir no estado mental, assim como outros fatores externos que se apresentam determinantes.
Pessoas expostas a situações estressantes de vida, como ter empregos desgastantes, com pouca valorização ou baixa remuneração que impedem a satisfação das necessidades diárias, que vivem em áreas violentas e que não têm acesso a serviços de saúde tornam-se mais vulneráveis à perda da saúde mental, além da física.
Importante trazer um alerta para outros fatores da atualidade como o uso abusivo de internet e mídias sociais, que geram comportamentos compulsivos e insatisfações na esfera pessoal, do tipo “a vida do outro parece bem melhor do que a minha”; além da busca incessante de prazer através do abuso de álcool, de drogas, de compras excessivas e desnecessárias, que levam a desajustes familiares.
Para uma boa saúde mental
Existem três aspectos fundamentais para a manutenção e cuidado com a saúde mental:
No âmbito pessoal: É importante que cada indivíduo procure cuidar melhor de si mesmo, através da prática de exercício físico; da meditação; de uma dieta balanceada e saudável; do respeito ao padrão do ciclo de sono-vigília; da criação e manutenção de atividades de lazer frequentes; de tirar férias e desfrutar com liberdade e regularidade; participar de projetos que envolvam pintura, dança, canto e artesanatos diversos.
No âmbito coletivo: Sabe-se que o bem estar mental individual pode ser abalado por terceiros. Sendo assim, cada pessoa deve contribuir para a preservação da saúde nos grupos em que convive, dando suporte social, ajudando uns aos outros nos seus respectivos problemas, honrando os compromissos pessoais assumidos, evitando sobrecarga a terceiros sob qualquer ângulo de atuação, seja em casa, no trabalho ou na comunidade.
Além isso, o impacto da agressão verbal e física, dos maus tratos, do abuso sexual em qualquer faixa etária são fatores que contribuem para a perda da saúde mental e podem levar ao desencadeamento de doenças mentais graves.
No aspecto ambiental: É fundamental ter acesso a serviços de saúde, para garantir o tratamento médico de qualquer enfermidade; e viver em um local seguro, sem violência, e que tenha condições ambientais adequadas, como rede de saneamento, água, luz, dentre outros.
Tabu e preconceito
Embora cuidar da saúde mental seja um componente fundamental para nossa vida, ainda existe tabu e preconceito em se falar abertamente sobre isso, e encarar como parte dos cuidados que todos precisamos ter para uma melhor qualidade de vida.
Falar do próprio estado de saúde mental, ou declarar-se portador de alguma patologia, ainda é assunto polêmico, e por esse motivo, muitas pessoas têm dificuldade de expressar seus problemas, suas dificuldades e, em alguns casos, até se envergonham em pedir ajuda e interpretarem como sinal de fraqueza de caráter e fragilidade.
Quando não tratada
Pessoas com ansiedade e depressão podem estar sujeitas a intensificar o consumo de drogas lícitas e ilícitas; e a depressão não tratada aumenta as chances da ocorrência de infarto agudo do miocárdio, de acidente vascular cerebral (AVC), e aumenta as complicações no pós-operatório de várias doenças, impactando na taxa internamento em hospitais.
Apesar dos conhecimentos sobre essa relação nociva, a depressão continua existindo e prejudicando uma parcela significativa da população.
Outro grande mito na sociedade é a crença de que crianças e adolescentes estariam livres de serem acometidos por doenças mentais, e frequentemente os próprios pais podem interpretar os sintomas da depressão como preguiça, manha, desculpas para não ir à escola ou não fazer as tarefas de casa, mas estatísticas revelam que as taxas de depressão, de tentativas de suicídio aumentaram nessa faixa etária nos últimos anos.
Falar de saúde mental, assim como de suicídio, não deve se esgotar apenas em teorias ou conversas. É importante que, a partir desses conhecimentos, haja conscientização do que é verdade e do que é mito, e assim promover mudanças individuais nas ações e nos comportamentos.
A saúde mental também precisa ser levada a sério, faça sua parte!