Sabe aquele momento de repentina clareza ou profunda compreensão, frequentemente utilizado para descrever insights reveladores e transformadores, evidenciando um momento de intensa realização intelectual ou emocional?
É a revelação, manifestação divina para o poeta que é também um mensageiro, como alguém que passa essa linha de fronteira entre esses mundos: material e espiritual.
Este é o momento de inspiração para fazer um belo poema.
A epifania das minhas personagens na maioria das vezes são despertadas pelo “olhar”.
Entretanto, parece-nos que a epifania pode se dar também pelas outras formas de percepção, como o olfato, o tato, o paladar, que não somente a visão.
Neste poema por exemplo, a personagem Nah tem um momento epifânico.
E o que gerou essa epifania foi o olfato com as flores do Jardim e o perfume das flores que parece com o perfume de Nah.
No entanto, o próprio conceito de epifania já enfatiza o sentido da visão no processo perceptivo como principal elemento, quando diz que epifania é “revelação”.
O que se revela, revela-se aos olhos, portanto há o desprezo dos outros sentidos.
Com isso, intentamos criar para o termo epifania um conceito que considere o olfato, o paladar e a audição no mesmo patamar da visão.
Isso nos auxiliaria na ligação de todos os sentidos perceptivos aos momentos de revelação dos meus poemas.
Como exemplo deixo aqui registrado este poema.
O perfume é pra todos.
Plantei o jardim de Nah,
reguei plantas,
colhi flores,
tenho sombras de árvores que não plantei.
E recordo sobretudo o perfume da rosa.
Vendo as flores, lembro de Nah, e me pergunto: como sei se esse cheiro é das flores ou de Nah?