Bem, eu não gostaria de dizer, mas tenho que falar que o ser humano, por vezes, prefere viver às sombras da escuridão, a ter que enfrentar uma nova realidade clarificada e, é claro, muito melhor. Isso porque ao invés de se estabelecer pronto para enfrentar o que há por vir, com vistas a uma grande recompensa, acredita tão somente na realidade míope que provou como verdadeira. Para Heráclito, pensador turco da antiguidade, “nada é permanente neste mundo, a não ser a mudança”. O que ocorre é que, quando em vez, somos arrebatados pelo pessimismo ou pelo comodismo que parecem querer nos “engolir” para ficarem totalmente satisfeitos. Neste sentido, nos parece que uma postura renovada e aberta perante a vida se faz necessária. Tal posicionamento pode ser demonstrado, quando reconhecemos que, ainda há muito que aprendermos. Com tal entendimento, o filósofo grego, Sócrates, nos apresenta que “sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.
Há milênios existia uma caverna subterrânea em que seres humanos – homens e mulheres estavam presos nela, isto é, estavam acorrentados pelo pescoço e pelas pernas e, que somente poderiam olhar para a frente. Eles foram colocados dessa maneira desde a mais tenra idade até a fase adulta. Destaca-se que a única coisa que conseguiam ver eram sombras na parede a frente deles, que eram projetadas por uma fogueira que ficava na parte externa da caverna e que projetava tais sombras para aquele interior. Então, certo dia um desses homens conseguiu se libertar das correntes, e com muito esforço se levantou e saiu da caverna. Ao se deparar com o que estava lá fora, o homem não conseguiu manter os olhos abertos, tamanha era luz que ele agora podia fitar.
Ele fechou os olhos e foi se adaptando vagarosamente sua visão até poder enxergar o céu, as nuvens e o sol que estava acima de si; ainda ao seu redor pode observar as flores, as árvores, os animais, jardins e toda a natureza que o circulava. E aquilo tudo era de fato uma grande maravilha a seus olhos! Ele, então, desfrutou do que agora podia ver e sentir. Até que compreendeu que deveria retornar à caverna para encontrar os seus amigos que estavam presos e, ainda poder contar tudo o que teria descoberto fora da caverna.
Quando retornou à caverna, o homem liberto contou tudo aos seus, mas eles não compreenderam. Achavam que aquele homem estava louco e enxergando menos do que quando estava preso na caverna. E o homem liberto soube contornar a situação, com paciência e calma, compreender que aquela resistência era resultado apenas do que aqueles homens e mulheres tinham experimentado até agora. E, na verdade, muitos de nós somos assim – descrentes para o que se apresenta, porque enxergamos simplesmente o que queremos, apenas o que podemos saborear. Essa é uma situação real, todavia podemos modifica-la se de fato abrirmos nossas mentes. Para George Bernard Shaw, pensador irlandês, “o progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada”.
Nesse desenvolvimento há que se contextualizar que em âmbito espiritual, o próprio Jesus Cristo ao se voltar a multidão, em uma passagem na Bíblia Sagrada em João 08-12, nos instrui, “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. E para completar esse valioso entendimento, o ativista americano Mahatma Gandhi nos orienta que “a minha fé, nas densas trevas, resplandece ainda mais viva”. Então a chave é crer, é ver a vida com esperança de que há muito mais por viver, por experimentar e junto aos que nos rodeiam e, desse modo, contribuir para a transformação de uma realidade, por vezes, inóspita para uma existência muito mais repleta de sentido e de propósito.