Especificamente no dia de hoje, 8 de janeiro, a principal confrontação semântica gira em torno da palavra “golpe”. De um lado estão aqueles que dizem que não houve golpe, porque não existiu tanques ou armas nas ruas, do outro, os defensores de que houve golpe, apesar de não apresentar as características do golpe militar, violento.
Esta questão vai além da crença daqueles que acham que houve ou que não houve golpe. O fato é que na Língua Portuguesa, uma palavra pode designar mais de uma coisa, ou mais de um aspecto dela. Acabei de ler a seguinte afirmação: “para mim [golpe] é ver milhares de desempregados, muuuita (sic) gente morando na rua. Gente sem hospitais, saneamento básico…”, e, eu completo dizendo “e representantes do povo preocupados com Pe. Júlio Lancelotti que faz caridade para pessoas em situação de rua”.
Aqui, apoiaremo-nos no significado histórico da palavra golpe, afinal não há sentidos “verdadeiros” (no sentido de serem fixos e que se refeririam a fatos “claros”). Há sentidos históricos – que variam e que não pressupõem fatos “claros”. Como a história é cheia de contradições, elas aparecem também na disputa pelos sentidos.
É por isso que, no que se refere a esta palavra, a questão não é apenas ideológica. Há também um forte componente de estultícia.
Façam-me o favor!