As discussões em torno da possibilidade de novos processos seletivos para a graduação na UFMG seguem entre representantes da comunidade acadêmica. Na tarde desta segunda-feira, 16 de outubro, a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) realizou, uma audiência pública com servidores técnico-administrativos e docentes do campus Montes Claros. “Nós queremos compartilhar o que tem sido feito sobre este tema. E também ouvir o que os representantes do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) têm a dizer sobre as possibilidades que estamos discutindo e que posteriormente serão levadas para análise do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe)”, explicou o pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira.
Ele destacou que alguns eventos foram realizados anteriormente de forma híbrida, sendo o encontro presencial no ICA, uma continuidade do que já vem sendo feito. No final de 2019, foi criada uma comissão na UFMG para analisar os efeitos da adesão ao ENEM/Sisu como avaliação usada no processo seletivo da UFMG. “Logo em seguida, veio a pandemia, a comissão seguiu com os trabalhos. Tudo foi concluído no início de 2021, mas ficou muito claro que um assunto com esta relevância não poderia ser discutido ao longo da pandemia”, completou.
No início de 2023, as atividades foram retomadas. Foram instituídos dois grupos de trabalho:
– Elaboração de propostas de diretrizes para um processo seriado para ingresso nos cursos de graduação. Este grupo é presidido pela pró-reitora adjunta da Graduação, professora Maria Flores e conta com a participação do professor do campus Montes Claros, Giovanni Fonseca;
– Avaliação do vestibular de habilidades: criada para analisar as peculiaridades de nove dos 91 cursos de graduação da UFMG que são ofertados por meio deste processo seletivo. Este grupo é presidido pelo pró-reitor de Graduação, professor Bruno Otávio Soares Teixeira.
Histórico dos Processos Seletivos na UFMG
A Universidade Federal de Minas Gerais oferece hoje, 6.740 vagas distribuídas entre 91 cursos de graduação. Até 2013, a UFMG preparava e aplicava seus próprios vestibulares (a partir de 2011, a primeira etapa foi substituída pelo Enem). Em 2014, a Universidade aderiu ao Sisu, exceção feita para cursos que demandam processos seletivos específicos, como os do campo das artes e três cursos de licenciatura (Formação Intercultural de Educadores Indígenas [Fiei], Licenciatura em Educação no Campo [Lecampo] e Letras-Libras). Já são 10 edições de uso do Sisu como forma de ingresso.
De acordo com estudos realizados na Universidade, o vestibular seriado deverá propiciar maior interação com as escolas de ensino médio de Belo Horizonte, Montes Claros e cidades próximas. “A avaliação seriada tem grande potencial de se tornar mais uma ponte de articulação da UFMG com a educação básica. É importante que a Universidade forneça referências para as escolas de educação básica, especialmente para o ensino médio. Além disso, com um processo seletivo próprio, a Universidade pode vir a contribuir com o banco de questões do próprio ENEM”.
Elaboração de Propostas
A pró-reitora adjunta de Graduação, professora Maria Flores, apresentou as ações que foram realizadas até o momento. A elaboração das propostas está sendo feita com base em experiências de 14 universidades públicas brasileiras que voltaram a utilizar um processo seletivo seriado para ingresso na graduação. A estimativa é de que em novembro haja uma sistematização final. Inicialmente, as provas devem ser aplicadas em Belo Horizonte e Montes Claros. “Quanto ao formato da avaliação, pensa-se no foco na formação geral básica – Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza – numa perspectiva de formação crítica e cidadã. Mas vale destacar que este processo irá passar por ajustes ao longo do tempo, de acordo com as demandas que surgirem”, afirmou Maria Flores.
Flores ressaltou ainda que já existem estudos que comprovam que acadêmicos que ingressam na graduação por meio de processos seletivos seriados têm mais chances de permanência na universidade em comparação com os que ingressaram por meio de outro processo seletivo. “Um estudante que durante três anos se dedica a organizar o ingresso na educação superior, tende a ter isso de maneira mais racional, mais planejada”, explicou.
O professor do campus Montes Claros, Giovanni Fonseca, finalizou falando sobre como tem sido o contato com as instituições que já aplicam o processo seletivo seriado. “À medida que a gente foi conhecendo as experiências de outras instituições, foram surgindo outras questões e inquietações. Nós estamos na reta final dos trabalhos. É um tema relativamente complexo. Vemos que existem especificidades e estamos procurando adequá-las à nossa instituição”.
Após as explicações, os participantes puderam tirar dúvidas junto à Prograd. Outras audiências públicas devem ser realizadas nos campi Pampulha e Saúde, em Belo Horizonte.
Sobre o Processo Seletivo Seriado
As discussões para avaliação dos processos seletivos para graduação na UFMG tiveram início após aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em reunião no dia 22 de junho. Está sendo examinada a possibilidade de a Universidade adotar o vestibular seriado, que consiste na aplicação de exames ao fim de cada uma das três séries do ensino médio. A intenção é que o vestibular seriado seja uma forma alternativa de seleção, que conviva com a modalidade que utiliza o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Antes da apresentação ao Cepe, o assunto foi tratado em reunião estendida da Câmara de Graduação realizada em 1º de junho, que teve participação de titulares e suplentes, coordenadores de colegiados de curso e Núcleos Docentes Estruturantes, chefes de departamento, diretores de unidades acadêmicas e gestores de diversos setores da Administração Central.
Se aprovada a proposta após as discussões, a expectativa é que os exames possam ser aplicados em dezembro de 2024, para alunos do primeiro ano do ensino médio. Assim, os primeiros estudantes selecionados por meio do vestibular seriado ingressariam na Universidade no primeiro período letivo de 2027. O percentual de vagas destinado a cada processo seletivo ainda será discutido, e será sempre respeitada a Lei de Cotas.
(Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)