Falamos muito sobre a redução do risco cardiovascular, mas pouco sobre o câncer de mama, que é o câncer de maior incidência e mortalidade em mulheres no mundo todo.
Existem vários estudos, com embasamento, que mostram a importância do exercício físico na prevenção do câncer de mama.
É válido ressaltar que as causas genéticas são responsáveis por apenas 5-10% dos casos. E que mudanças de estilo de vida podem contribuir com a prevenção desse tipo de tumor.
Uma das primeiras e importantes pesquisas sobre a temática foi publicada em 1999, chamada Nurses Health Studies, e demonstrou a redução de incidência do câncer de mama em praticantes de atividade física em torno de 10-25%, no seguimento de 16 anos de um grupo de mulheres enfermeiras. Diversos estudos foram publicados posteriormente, reproduzindo esses resultados.
Portanto, o exercício físico, comprovadamente, pode ser um grande aliado na prevenção do câncer de mama. Ele provoca alterações na parte hormonal, aumentando o nível de proteínas ligadoras dos hormônios sexuais e reduzindo o nível de estrogênio circulante.
Além disso, age na diminuição da inflamação sistêmica, na melhora do perfil metabólico, dentre outras ações.
E como fica durante e após o tratamento?
A revisão realizada no presente estudo citado acima, ajuda a comprovar a importância do exercício na fase ativa da doença, em que a paciente está passando pelo tratamento.
Os exercícios físicos reduzem a dor, a fadiga, melhoram a capacidade funcional da mulher, auxiliam em uma melhor tolerância ao tratamento do câncer, e reduzem o risco cardiovascular associado à doença e ao tratamento. Mas essa paciente precisa de incentivo pela equipe de saúde que faz seu acompanhamento.
É importante destacar que o tratamento traz vulnerabilidade, dor e fadiga. Por isso, é essencial que a equipe médica explique e encoraje o exercício físico, através de evidências científicas sobre a prática. Estudos pré-clínicos vêm mostrando o papel dos exercícios também na redução do crescimento e disseminação tumoral.
No pós-tratamento do câncer de mama, os exercícios físicos reduzem o risco de recorrência do tumor, aumentam a sobrevida destas pacientes e amenizam os efeitos adversos do tratamento, como a caquexia (estado que envolve perda de peso marcante e perda de massa muscular) conforme já avaliado em alguns estudos.
É importante a diferenciação entre a prática de atividades físicas (movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima do nível de repouso) e de exercícios físicos (atividades físicas planejadas, estruturadas e repetitivas que têm como objetivos fundamentais a melhoria da aptidão cardiorrespiratória, força, flexibilidade e equilíbrio). É recomendável que os exercícios físicos sejam supervisionados por profissional de educação física e que todos os programas contenham atividades com componentes aeróbicos (caminhar, andar de bicicleta, dançar, correr, nadar), de força muscular (musculação, Pilates, exercícios funcionais) e de amplitude articular (alongamentos, ioga, tai-chi).
Exercícios aeróbicos aumentam os níveis de beta-endorfinas periféricas, correlacionadas à queda da atividade simpática sistêmica e melhora da atividade serotoninérgica refletidas na atividade das junções neuromusculares. Exercícios de resistência produzem melhor sincronização, recrutamento e excitabilidade das unidades de placas motoras. Por fim, os exercícios de flexibilidade podem proporcionar melhor controle sobre as estruturas articulares e partes moles.
Apesar de dados favoráveis, a prática é limitada devido a barreiras como fadiga, ausência de motivação, perda da autoconfiança, acompanhamento inadequado, falta de suporte familiar e falta de orientações.
Incentivar as mulheres no período após o tratamento, a adotarem estilo de vida saudável, evitando o consumo excessivo de álcool, aumentando a ingestão de frutas e vegetais, além de maior volume de atividade física, pode ser importante para melhorar sua saúde e a qualidade de vida.