Na cidade de Curvelo, região central de Minas Gerais, um empresário confessou à Polícia Militar que demoliu quatro casas no distrito de Angueretá, por acreditar que o terreno era dele. A demolição aconteceu na quarta-feira (11/10) e destruiu o lar de uma família.
A prefeitura de Curvelo esteve no local para prestar apoio a família do senhor Valdevir Gomes da Silva, de 73 anos, que precisou sair às pressas ao ser pego de surpresa pelas máquinas. Segundo o prefeito de Curvelo, Luiz Paulo, não houve nenhuma ordem do executivo nem do judiciário para demolir as construções no terreno.
“A gente encontrou com a polícia para entender e investigar, e quem fez isso aqui tem que ser punido porque é algo desumano. Quando a gente tem um mandato para fazer isso já é doloroso. Quando vem do nada e derruba uma casa de uma família é muito pior. Conversei com a procuradora, ela não estava sabendo de nada, a justiça não nos comunicou de nada. Nenhuma máquina da prefeitura veio aqui, nenhum funcionário da prefeitura esteve aqui. Não tem chance nenhuma de ser algo legal, algo feito pela justiça ou pela prefeitura”, afirma.
A Polícia Militar conseguiu descobrir quem era o responsável pela demolição e entrou em contato por telefone. O homem é proprietário de uma empresa localizada na cidade de Papagaios, também na região central Minas Gerais. O empresário confessou, por telefone, ter mandado demolir as construções no local, e justificou que acreditava ser do terreno. Ele também disso que não poderia comparecer à delegacia porque não está na região.
O caso será levado para a delegacia da Polícia Civil que deve abrir o inquérito para as investigações. A empresa foi procurada, mas não deu retorno até o fechamento desta reportagem.
Idoso chegou a ser ameaçado
Valdevir Gomes da Silva contou que quatro homens chegaram ao terreno com dois maquinários e o mandaram sair do local. A região onde o senhor morava não tem sinal de celular, e por isso o homem presenciou, sozinho, a casa dele e dos familiares serem demolidas. Valdevir conseguiu tirar apenas uma geladeira e um fogão do imóvel.
“De repente chegaram com a máquina e falaram comigo para sair de dentro de casa ou iam derrubar tudo em cima de mim. Aí eu fui tirando um pouquinho das coisas que dei conta e eles foi quebrando tudo. Tem 20 anos que moro aqui. Quebraram tudo mesmo. Até galinhas mataram, porque caiu em cima do galinheiro”.
O filho de Valdevir, o comerciante Ricardo Regis Gonçalves da Silva, 49 anos, contou que o terreno onde estava a casa, que fica na MG-420, próximo ao quilômetro 6, às margens do Rio Paraopeba, pertence à família há muito tempo. “Há 10 anos construímos uma casinha simples para ele. Tinha três quartos, sala, cozinha, banheiro e uma varanda boa, em um terreno de, aproximadamente, 30 mil metros”, contou.
Ele disse que não há nenhum tipo de briga judicial pelo terreno. “Temos todos os documentos, temos a escritura lavrada”, acrescentou. “Meu pai não quer dormir, não quer vir embora para a cidade. Ele viveu na roça a vida toda. Está muito complicado”, lamentou. Enquanto calculam o prejuízo, eles procuraram a polícia para registrar um boletim de ocorrência.
[Com informações de itatiaia.com.br]