Casos de raiva em Minas alertam para cuidados em áreas verdes nas férias

O registro de casos positivos de raiva em Minas Gerais reforça a necessidade de cuidados com a segurança da criançada durante as atividades de lazer em áreas verdes no período de férias. Especialistas alertam que uma simples lambida de um animal contaminado pode transmitir o vírus que é fatal em cerca de 100% dos casos Dados […]

registro de casos positivos de raiva em Minas Gerais reforça a necessidade de cuidados com a segurança da criançada durante as atividades de lazer em áreas verdes no período de férias. Especialistas alertam que uma simples lambida de um animal contaminado pode transmitir o vírus que é fatal em cerca de 100% dos casos

Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) mostram que 60 animais já morreram por raiva neste ano em Minas. Há ainda o caso de um homem, de 60 anos, que morreu após contaminação, em Mantena, no Leste do estado, em abril. Em Belo Horizonte, foram sete diagnósticos positivos para a infecção em morcegos.

Os casos ligam o alerta para a circulação do vírus também no ambiente urbano. O diretor de Zoonoses da prefeitura, Eduardo Viana, explica que os números não caracterizam um surto de raiva na capital. No entanto, ele diz que a realidade reforça a necessidade de manter as ações preventivas.


“Não é um surto, mas a gente tem uma série histórica em relação a ocorrência de detecção em morcegos. Isso serve para nos alertar com relação a mantermos atitudes preventivas. BH não está livre do risco, em 2021 e 2022 voltamos a ter registro da doença em cães e gatos, o que não acontecia desde a década de 80”, explica.

Segundo o especialista, a população deve estar atenta, principalmente, a importância de vacinar os animais domésticos. “A PBH oferece a oportunidade na campanha, que deve acontecer em setembro deste ano. Mas, paralelamente, temos postos com a vacina disponível espalhados pela cidade. A vacina é a forma de evitarmos a contaminação da doença. No caso dos animais de rua, nós realizamos ações para imunizá-los. No ano passado, apenas no Parque Municipal, conseguimos vacinar 300 gatos que vivem na área verde.

Cuidados com em áreas verdes

No período de férias escolares – característico de julho – é comum os pais aproveitarem para levar as crianças a parques e áreas verdes. No entanto, o médico infectologista Leandro Curi alerta para os cuidados para evitar que os pequenos sejam expostos ao vírus da raiva.

“O vírus é transmitido para humanos através de animais contaminados, sejam domésticos ou silvestres. É preciso ter cuidado com as crianças evitando que elas tenham contato com os morcegos mortos, por exemplo. Animais domésticos que os pais não saibam a procedência também porque a simples lambedura já pode ser suficiente para contaminação. Por isso as campanhas de vacinação em massa são fundamentais”, reforça.

Em caso de ser vítima de arranhão ou mordida por algum animal, os especialistas ouvidos pela reportagem de O Tempo são unânimes: a dica é sempre procurar um médico. “Todo o caso que envolva agressão de cão e gato, mesmo já vacinado, existe a necessidade de ir ao centro de saúde e passar por avaliação médico que vai dizer se é necessário a utilização de algum protocolo”, avalia Eduardo Viana.

“O tratamento é feito sempre com a vacina própria para humanos e, em alguns casos, associada a um soro”, explica Leandro Curi.

Raiva

A raiva é uma doença viral que afeta mamíferos, incluindo seres humanos. Ela é transmitida principalmente por meio da mordida de um animal infectado. A infecção afeta o sistema nervoso central e tem letalidade de aproximadamente 100%.

Transmissão

A transmissão da raiva ocorre quando os vírus da raiva existentes na saliva do animal infectado penetra no organismo através da pele ou de mucosas, por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura. A raiva apresenta três ciclos de transmissão:

  • urbano: representado principalmente por cães e gatos;
  • rural: representado por animais de produção, como: bovinos, eqüinos, suínos, caprinos;
  • silvestre: representado por raposas, guaxinins, primatas e, principalmente, morcegos.

Sintomas em animais

Em todos os animais costumam ocorrer os seguintes sintomas:

  • dificuldade para engolir;
  • salivação abundante;
  • mudança de comportamento;
  • mudança de hábitos alimentares;
  • paralisia das patas traseiras.

Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um “uivo rouco”, e os morcegos, com a mudança de hábito, podem ser encontrados durante o dia, em hora e locais não habituais