A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou nessa quarta-feira (10), sobre o ressurgimento recente do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil. Até o momento são conhecidos quatro tipos do vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que estão associados a epidemias sazonais ao longo do tempo.
Um estudo coordenado por cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) revela quatro casos de infecção relacionados a esse sorotipo registrados neste ano em Roraima, na região Norte, e no Paraná, no Sul do país.
O virologista Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia e do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC, destacou que a circulação de um sorotipo que estava ausente há um tempo significativo representa uma preocupação sobre a possibilidade de novas epidemias no país.
“Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explica.
Segundo a Fiocruz, o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
Detalhes da análise
Dos quatro casos analisados, três são referentes a infecções autóctones de Roraima, de pacientes que se infectaram no Estado e não tinham histórico de viagem. Já o caso no Paraná foi importado, diagnosticado em um indivíduo vindo do Suriname.
Segundo o estudo, os casos foram inicialmente identificados pelos Lacens de Roraima e do Paraná, respectivamente. As amostras também foram analisadas pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, e pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.
“Foram as equipes do CDC de Porto Rico e do departamento de saúde da Flórida que identificaram os casos vindos de Cuba e nos EUA. Assim, esse é um alerta válido não só para o Brasil, mas para toda a região das Américas. Tendo em vista estarmos vivendo um grande número de casos de arboviroses esse ano no Brasil, a detecção de um novo sorotipo do vírus da dengue não é uma boa notícia”, disse o pesquisador.
(Com informações de CNN)