O crescimento recente de fake news sobre ataques em escolas brasileiras tem levantado o debate sobre como está o jovem na atualidade. De acordo com especialistas no assunto, a corrente de notícias falsas provoca uma onda de pânico e insegurança em estudantes, pais e em toda uma comunidade escolar.
Assim como em todo o país, em Montes Claros e no Norte de Minas, situações semelhantes têm acontecido com frequência.
Somente no mês de Março, pelo menos, duas ameaças de ataques a escolas, foram registradas, em Montes Claros. Em Taiobeiras, no Norte de Minas, uma escola também foi alvo de fake news. Todos os responsáveis foram identificados pela Polícia Civil de Minas Gerais.
De acordo com a delegada da Polícia Civil de Taiobeiras, Beatriz Barreto de Almeida, a polícia busca identificar os suspeitos com analise de informações, por meio de quebra de dados cadastrais. A delegada afirma que “anonimato da internet, principalmente em relação às redes sociais, é uma falácia. Os órgãos de segurança pública possuem ferramentas legais para identificar os usuários dessas contas”, destaca.
Ainda conforme a Dra. Beatriz Barreto, tudo o que é feito na internet é registrado e há diversas vinculações de dados, que geralmente são deixados como rastros pelos suspeitos.
“É por meio desse cruzamento de informações que se torna possível inclusive localizar de onde estão sendo publicadas as postagens”, disse.
Em relação às mães e pais que ficam preocupados com a segurança dos filhos, a psicóloga Marisa Celestino, aponta que algumas medidas podem ser adotadas para que a comunidade escolar fique mais tranquila em momentos que possíveis notícias falsas são propagadas.
“Antes de qualquer coisa é preciso que se averigue a autenticidade da informação, analisar junto à escola ou do ambiente alvo da notícia, a veracidade daquilo que foi lido na internet. Importante que, de modo geral, as redes sociais não sejam seu único meio de se informar e que seja sempre checado na fonte principal (escola) se a informação procede”, destacou.
Denuncia de casos
A Delegada Beatriz Barreto de Almeida, reitera que a participação social para denunciar os casos é imprescindível e pode evitar que possíveis ataques sejam realizados.
“É imprescindível à participação social nesses casos. A Polícia Civil, nessas horas, orienta que aqueles que tiverem acesso a esse tipo de postagem informem às autoridades de segurança pública. Existem os canais oficiais de denúncia, como também é possível registrar a ocorrência na própria unidade policial. A atuação célere é essencial para evitar a consumação desses atentados às escolas”, destacou.
O que acontece com os suspeitos?
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os menores de 18 anos são considerados por lei inimputáveis, por isso não respondem criminalmente e, consequentemente, não serão submetidos ao cárcere. Ainda de acordo com a delegada Beatriz Barreto, “nos casos envolvendo adolescentes, responderão por ato infracional análogo ao crime praticado e a eles serão aplicadas medidas socioeducativas” afirmou.
“Por outro lado, como ocorrido em Taiobeiras no Norte de Minas, o autor é maior de idade, possui 21 anos. Nessas hipóteses, o cenário é um pouco diferente: aqui haverá crime e possibilidade de prisão. A depender das circunstâncias, poderá inclusive responder pela lei de terrorismo”, finalizou.
Relembre os Casos
Uma adolescente, de 13 anos, foi apreendida no dia 16 de Março, após criar uma página em uma plataforma de rede social intitulada “Massacre 0909” divulgar um possível atentado a Escola Municipal Celestino Pereira Salgado, localizada em Montes Claros. Segundo a Polícia Civil (PC), o responsável pelas postagens, que é aluno da escola ameaçada, foi apreendido. Ele informou que desconhecia a gravidade dos seus atos, e tudo não passaria de uma brincadeira. O adolescente confessou que fez tudo sozinho, sem a participação de outras pessoas.
No dia 22 de Março, outra ameaça a escola de Montes Claros foi realizada. De acordo com a PC, outra adolescente, de 14 anos, criou uma página intitulada “ochina_157”, para divulgação de possível atentado à Escola Estadual Américo Martins. Nas postagens, a adolescente também ameaçava de morte o diretor e o vice-diretor daquela instituição. A menor informou que foi motivada pelo desejo de se vingar da direção por ter sido reprovada no ano passado, além disso, alegou que odiava a escola por não conseguir se integrar. Sobre as imagens de armas ela informou que foram retiradas da internet.
Já em Taiobeiras, no Norte de Minas, um jovem, de 21 anos, foi preso após criar um perfil com intuito de divulgar um possível atentado a Escola Estadual Oswaldo Lucas Mendes na cidade.
A página fazia referência ao massacre histórico de Columbine, ocorrido em 20 de abril de 1999. A polícia foi acionada para fazer a segurança e o local foi imediatamente esvaziado, situação que gerou pânico na cidade. Com apoio do setor de Inteligência do Departamento de Polícia Civil em Montes Claros, o investigado foi localizado no Rio Grande do Norte e estaria acessando remotamente, de forma clandestina, o celular de uma aluna da instituição. Acompanhada dos pais, a adolescente foi identificada e prestou informações, ratificando a linha investigativa.