No metrô a menina olha distraída para o sinal reluzente que a sua frente pisca como se quisesse dizer algo. Ninguém repara a sua preocupação, todos estão envolvidos em suas obrigações de intolerância. Ela quase chorando, solta uma lágrima de solidão. Impaciente ela olha de um lado ao outro a procura de um olhar fraternal que compartilha a sua angústia. Ninguém a repara. Nossos olhos não se cruzam e eu continuo em sigilo naquela cena peculiar.
Observando de longe e sem querer perguntar como posso ajudar, me escondo entre tantos outros. O rapaz ao meu lado começa desenhar o rosto daquela alma inconsolável. De parada em parada ela vai se desfazendo, a medida que o meu destino chega, aquela menina parece ficar cada vez menor. Uma placa quebrada com algumas letras em neon impossíveis de decifrar dão a pista do meu destino naquele trem antigo: Taj mahal, meu ponto.
Eu vasculho o vagão para encontrar aquela silhueta que me fazia tão presente nos últimos minutos e não mais a encontro; olho para o lado e um rapaz com caderno aberto esboça o desenho de um relógio, único sinal daquela cena que me ansiava uma explicação. Que mulher era aquela que despertava minha curiosidade? Vivendo no futuro me distraí, ao descer do vagão esbarro em uma senhora de mãos frias, que me aponta a direção correta, dizendo que precisava esperar mais duas estações. Ao soprar impaciências entendi porque o tempo é mesmo uma menina disfarçada nos anos de idade madura no corpo de uma jovem e que nem sempre entendemos o seu tempo.