Apesar das incertezas criadas pelo cenário internacional, papéis de empresas listadas na B3 foram valorizados.
As oscilações vividas pelo setor de mineração e siderurgia ao longo de 2022 provocaram incertezas quanto aos resultados que seriam alcançados no ano. Os números consolidados devem ser divulgados em fevereiro pelas entidades representativas. No entanto, o bom desempenho de grandes empresas listadas na Bolsa de Valores (B3) trouxe otimismo ao setor.
Inicialmente, as projeções para a mineração e a siderurgia eram promissoras. Em janeiro de 2022, o mercado apontava que a retomada econômica global pós-pandemia da Covid-19, aliada às políticas monetárias da China, iria favorecer o aquecimento das atividades.
Mas, em fevereiro, o cenário macroeconômico sofreu o impacto da invasão da Rússia à Ucrânia, o que elevou o valor do petróleo e pressionou a inflação nos países. Outro reflexo foi o aumento de preços das commodities.
A economia chinesa, segunda maior do mundo, sofreu retração diante das crises hídrica e imobiliária, e, também, da implantação de medidas restritivas mais severas contra a nova onda da Covid-19. Com o cenário internacional desfavorável, as projeções iniciais não se concretizaram.
Internamente, a realidade também era de incertezas. Por ser um ano eleitoral no Brasil, não havia definição sobre quais seriam os rumos da política e da economia no país. Mas esse aspecto foi favorável às commodities, já que são ativos expostos ao dólar e, por isso, uma alternativa para proteger o patrimônio financeiro das oscilações do mercado nacional.
O somatório dos fatos resultou num sobe e desce na Bolsa de Valores (B3) ao longo dos meses. Os ativos das grandes mineradoras e siderúrgicas brasileiras viveram altos e baixos em 2022.
Setor em números
A queda de preços do petróleo, a flexibilidade nas medidas restritivas da China e a definição do cenário político brasileiro contribuíram para que as empresas do setor fossem destaque na B3 em novembro.
Os papéis da Gerdau tiveram uma valorização de 31,7%. A Companhia Nacional de Siderurgia – CSN (CSNA3) subiu 28,3%, enquanto a CSN Mineração (CMIN3), 30,9%. Já a Vale (VALE3) cresceu 27,6%.
Também em novembro, o Índice Setorial de Materiais Básicos (Imat) registrou o melhor desempenho entre os índices da B3, com avanço de 10,3%. Ele é composto por ações e units de companhias do setor da indústria e produção de materiais básicos que estão listadas na B3.
São considerados materiais básicos aqueles pelos quais é possível produzir insumos e artigos para infraestrutura, siderurgia e outros bens. Essa indústria tem uma importante participação na economia brasileira, considerando que as commodities entram na lista de principais produtos exportados pelo país.
Em 2022, a balança comercial brasileira registrou o superavit de US$ 61,7 bilhões, resultado entre o saldo de exportações (US$ 334,4 bilhões) e o de importações (US$ 272,7 bilhões), conforme os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior. O resultado é 19,1% maior do que o verificado no ano de 2021, quando o superavit foi de US$ 61,4 bilhões.
As commodities têm uma tradicional participação na balança comercial nacional. Entre as agrícolas exportadas no ano passado, o destaque foi a soja, responsável por 14% das exportações; o milho com uma participação de 3,7%; o café (2,5%) e o algodão (1,1%). Entre os materiais básicos, o melhor desempenho foi do minério de ferro, que teve uma participação de 8,6%.
Perspectivas para 2023
Na análise do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o preço do petróleo seguirá sofrendo impactos do cenário político internacional. Já a realidade do mercado chinês irá influenciar diretamente nas exportações do minério de ferro. Por isso, na primeira leitura, o resultado da balança comercial pode ser menor do que o registrado em 2022.
No mercado financeiro, há o otimismo com a flexibilização das atividades na China. Se o ano passado foi de oscilações, em 2023, espera-se mais estabilidade dos ativos das companhias listadas na B3.